Tolerâncias
Só o ano passado perdi 3 colaboradores para a função pública e nenhum por razões financeiras!
É insuportável, isto. Revoltante, até! Bem sei que é pior quando se trato do São Rali ou de Nossa Senhora da 1ª Oitava, de que aqui já falei antes, mas atendendo a que continuam como se nada se passasse, sinto necessidade de voltar ao tema.
A ver se conseguimos entender-nos quanto ao que é o verdadeiro tratamento desigual, algo que nunca preocupou o Tribunal Constitucional, um órgão que suspeito deve reger-se de acordo com a legislação de trabalho do sector público.
Entre trabalhar 35 ou 40 horas semanais; o que escolheriam? Entre ter a possibilidade de ser despedido ou arranjar um emprego para a vida e que, por pior que se seja, pelo menos no mesmo lá continuamos; qual seria a opção?
Havendo a possibilidade de ir progredindo por antiguidade, chegando-se a um cargo de chefia mesmo que não tenhamos ninguém a quem comandar ou ter de pedalar verdadeiramente para lá chegar; inclinamo-nos naturalmente para que lado? Entre trabalhar seguido e com 4 pausas para lanche ou andar a coordenar tempos de refeição com colegas em função de clientes; o que decidimos?
A cereja no topo do bolo são estas tolerâncias, que como acontecem todos os anos podemos juntar aos dias de férias, transformando estes períodos qual Jesus Cristo no milagre do pão e do vinho.
Mas o que tem isto de revoltante? Não será antes inveja? Estas seriam legítimas interrogações se alguém lesse o que aqui trago, neste exercício de gestão de caracteres para que, todos juntos, não ultrapassem o limite que me é imposto.
Descontando o pormenor de, no dia em que escrevo, ter os meus filhos em casa porque a escola deles, pública, terminou na 5ª feira; o saber do atraso na resposta quando dependemos delas para alguma avançar com algum projecto e que não penaliza ninguém a não ser nós, chateia e não é pouco…
Só o ano passado perdi 3 colaboradores para a função pública e nenhum por razões financeiras! Porquê? Porque não tenho a habilidade de impor aos meus clientes jantar depois do pequeno-almoço, para o pessoal poder fazer horário seguido. Porque não os convenço a abdicar de terem pessoas na Recepção para os receber durante o fim-de-semana. Porque não consigo fechar o hotel às 4 da tarde ou dar tolerâncias de ponto sem cuidar dos que nos visitam.
Mais, continua o Estado a contratar como se não houvesse amanhã e sem critério. Jardineiros, por exemplo, nem vê-los! Funcionários administrativos ainda conseguimos um ou dois, se tivermos a sorte do timing do recrutamento não coincidir com a abertura de nenhum concurso.
A concorrência existe e é completamente desleal, sendo esta benesse das tolerâncias demais! E depois vêm com SI’s Funcionamentos e discursos cheios de preocupação em face da falta de mão-de-obra em alguns sectores.
Temos, nós, de ser menos tolerantes e de saber exigir, no mínimo, respeito e tratamento igual!