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Eleições Regionais por respeito aos Madeirenses

Hoje é dia 23 de Março e estamos a poucas horas da decisão do Sr. Presidente da República sobre a crise política na Madeira. E não poderá haver outra decisão que não a de dissolver a Assembleia Legislativa e convocar eleições antecipadas.

Os factos políticos alteraram-se, governantes foram constituídos arguidos em casos de corrupção e são os próprios partidos que suportam o atual governo a reconhecê-lo. Não apenas o PAN, puxando o tapete a Miguel Albuquerque, mas também o PSD e o CDS. Caso contrário porque motivo agendaram atos eleitorais internos e congressos regionais?

Estes partidos reconhecem a necessidade de ouvir os seus militantes porque existiram factos relevantes para que tal aconteça. Os militantes do PSD e do CDS têm direito a pronunciar-se internamente. Mas então e os madeirenses? Não têm igual direito? Só os madeirenses que militam no PSD ou no CDS é que se podem pronunciar sobre o que aconteceu?

Os madeirenses merecem respeito. Merecem o direito de votar e expressar a sua vontade perante tudo aquilo que se passou. A democracia tem de ser defendida e o voto é a sua expressão máxima. O Sr. Presidente da República tem de convocar eleições legislativas regionais.

Importa olhar à Madeira e ver o que mudou desde as últimas eleições regionais de Setembro de 2023. Ou melhor, ver o que não mudou. As listas de espera na saúde não desapareceram e os prometidos tempos máximos de resposta garantidos não foram implementados. Continuamos a pagar mais IVA que os açorianos e temos taxas de IRS mais elevadas em 5 dos 9 escalões. Os madeirenses continuam a ter os rendimentos médios mais baixos do país e o menor poder de compra de todas as regiões nacionais. Na habitação, somos a região em que os preços mais subiram para compra de casa e a segunda no aumento das rendas. Tudo isto nos mantém na cauda do pais em termos de pobreza. Somos a segunda região com maior taxa de risco de pobreza e exclusão social. De setembro de 2023 até agora passaram-se 6 meses, e tudo continua igual.

Por todas as razões que já elenquei, e muitas outras que poderia referir, a Madeira precisa de uma mudança. Mas há algo que está hoje muito claro para qualquer madeirense: essa mudança não se fará com os mesmos protagonistas de sempre, com o mesmo partido de sempre, que nos governa há quase 50 anos.

Mas também não se fará com partidos que fingindo ser oposição, no momento da verdade, caucionam e perpetuam o mesmo regime. A mudança não se fez com o CDS em 2019, nem com o PAN em 2023, e seguramente não se fará com aqueles que espreitam a possibilidade de ter oportunidade idêntica.

A mudança, tão necessária e urgente, também não será feito por aqueles que se auto intitulam arautos da verdade, defensores únicos do povo, acusando outros de ligações ao poder, político ou económico, mas que no momento da verdade, do confronto, se escondem, evitando participar em comissões de inquérito e usar o poder fiscalizador que lhes foi concedido pelo eleitorado. Quem defende a Madeira, quem defende os madeirenses, não se acobarda. Isso não é com certeza puro sangue madeirense, nem nos representa enquanto povo.

Para outros ainda, a mudança deve ser uma limpeza. Limpar Portugal, limpar a Madeira! Mas uma vez mais, no momento da verdade, a limpeza parece ser feita com um pano sujo. Foi assim nos Açores, assim desejam que aconteça na República, em nome de uma qualquer estabilidade que, confesso tenho dificuldade em entender.

O partido que quer limpar Portugal, quer estabilidade governativa juntando-se a quem não era limpo? A limpeza do PSD é feita com dissidentes do PSD? Com aqueles que defenderam o PSD, foram candidatos ou exerceram cargos eleitos pelo PSD? E os exemplos são muitos, no partido Chega. Desde o lider nacional, ao regional, passando pelo recém eleito deputado à assembleia da República pela Madeira. Ser do PSD, sair do PSD e depois juntar-se ao PSD! Esta é a solução do Chega para mudar a Madeira?

Os madeirenses sabem que a mudança só poderá ser protagonizada pelo Partido Socialista. Qualquer outra solução perpetua o regime e mantém os mesmos de sempre no poder. Os factos são claros, as promessas por cumprir foram muitas e praticamente nada mudou desde as eleições de Setembro de 2023. A Madeira e os madeirenses terão, estou certo, uma nova oportunidade de decidir o seu destino e de optar por uma verdadeira mudança na nossa Região!