Deslocados em Rafah sem lugar para onde fugir
A vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, avisou hoje que o milhão e meio de pessoas deslocadas em Rafah, no sul de Gaza, não têm para onde fugir se Israel lançar um ataque de grande escala.
"Olhei para os mapas, estudei os mapas, não há sítio para onde essas pessoas possam ir", disse Harris aos jornalistas antes de partir para Porto Rico, segundo o canal norte-americano CNN.
"Um milhão e meio de pessoas, de uma população de 2,2 milhões de pessoas, estão agora nessa área, e lembremo-nos porque é que estão lá, porque lhes foi dito para irem para lá", disse, segundo a agência espanhola Europa Press.
Harris referia-se à ordem que Israel deu aos habitantes da Faixa de Gaza para fugirem para o sul do pequeno território palestiniano quando atacou a cidade de Gaza e o norte do enclave.
Israel pretende agora atacar Rafah para acabar com o que resta do Hamas, segundo os dirigentes israelitas, mas tem sido pressionado pela comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, o seu maior aliado, para não o fazer.
As observações de Harris surgem horas depois de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter reiterado ao secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que Israel atacará Rafah mesmo sem o apoio de Washington.
"Não há forma de derrotar o Hamas sem ir a Rafah e eliminar o resto dos batalhões que lá se encontram", afirmou Netanyahu.
"Disse-lhe [a Blinken] que espero que o façamos com o apoio dos Estados Unidos, mas se for necessário, fá-lo-emos sozinhos", acrescentou.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em solo israelita em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades de Israel.
Desde então, Israel tem em curso uma ofensiva em Gaza que provocou mais de 32.000 mortos, de acordo com o balanço mais recente do Ministério da Saúde do Hamas.
O grupo islamita palestiniano, que controla Gaza desde 2007, é classificado como uma organização terroristas por Israel, Estados Unidos e União Europeia.