PS-Madeira diz que Miguel Albuquerque venceu eleições no PSD "à rasquinha"
O PS/Madeira considerou hoje que Miguel Albuquerque venceu as eleições internas na estrutura regional do PSD "à rasquinha" e acredita que, no caso de haver eleições antecipadas na região, o líder social-democrata será candidato pela última vez.
"A notícia que temos é que esta foi a última candidatura de Miguel Albuquerque à presidência do PSD e não temos dúvidas que também será a última vez que ele se apresenta como candidato às eleições regionais", disse o líder do grupo parlamentar do PS e vice-presidente da Assembleia Legislativa, Victor Freitas.
O dirigente socialista, que falava à margem de uma iniciativa partidária junto ao Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, reagiu à vitória de Miguel Albuquerque, nas eleições internas de quinta-feira, afirmando que "ganhou à rasquinha ao seu adversário, num universo eleitoral que ele próprio definiu internamente".
Albuquerque, que lidera o PSD/Madeira desde 2014 e o Governo Regional desde 2015, derrotou Manuel António Correia ao obter 2.243 votos (54,3%) contra 1.856 (44,5%), num universo de 4.388 votantes inscritos, dos quais 4.132 exerceram o direito.
O ato eleitoral aconteceu na sequência da crise política provocada pela demissão de Miguel Albuquerque do cargo de presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), em janeiro, após ser constituído arguido numa investigação judicial sobre suspeitas de corrupção no arquipélago.
"É a escolha dos social-democratas. Fizeram essa escolha", disse Victor Freitas, sublinhando que, num universo de cerca de 12.000 militantes do PSD, votaram "pouco mais de 4.000".
O dirigente socialista considera que "quem definiu o universo eleitoral acabou sendo quem tinha a máquina partidária na mão".
"Não votaram os 12 mil, só podiam votar pouco mais de 4.000, mas quem os definiu e quem os escolheu foi, de facto, uma tendência interna do PSD de Miguel Albuquerque e, no final da noite, o que se viu é que ganhou de forma muito curta", reforçou.
O Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP) entrou em gestão em fevereiro, na sequência da demissão do chefe do executivo, que inicialmente, apesar de ser arguido no processo sobre suspeitas de corrupção na região, não tencionava demitir-se.
Albuquerque deixou o cargo depois de a deputada única do PAN ameaçar retirar o apoio à coligação caso continuasse a liderar o executivo, no âmbito do acordo de incidência parlamentar que garante a maioria absoluta a PSD e CDS-PP.
Na quinta-feira, o líder reeleito do PSD/Madeira disse que "está tudo em aberto" face à decisão que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tomar sobre a dissolução ou não da Assembleia Legislativa da Madeira, o que só pode ocorrer a partir de 24 de março -- domingo --, seis meses após as eleições regionais de 24 de setembro de 2023.
Albuquerque afirmou que o partido está em condições de ir sozinho a eleições antecipadas, bem como de completar a legislatura, num quadro de acordos parlamentares, tendo em conta que a coligação PSD/CDS-PP ficou a um deputado da maioria absoluta nas últimas eleições.
"Depende do entendimento do Presidente da República, depois de auscultar as forças políticas da Madeira", afirmou.
Já o PAN, que impôs o afastamento de Miguel Albuquerque como condição para manter o apoio parlamentar ao atual executivo, aguarda agora a decisão do Presidente da República sobre a eventual dissolução da Assembleia Legislativa, mas considera que é necessário dar "algum poder de decisão" aos cidadãos.
Em declarações a agência Lusa na quinta-feira, a deputada única Mónica Freitas realçou que o PAN mantém a sua posição de não apoiar um Governo Regional liderado por Miguel Albuquerque enquanto não estiver concluído o processo judicial que investiga suspeitas de corrupção e no qual o líder demissionário do executivo madeirense é arguido.