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Explicador Madeira

O medo de envelhecer aos 10 anos

Há mais uma moda perigosa à espreita na Internet que exige atenção dos pais e uma nova palavra para juntar ao dicionário. Falamos da cosmeticorexia. Mas o que é?

A cosmeticorexia está hoje em destaque no semanário Expresso. Como o próprio nome indica está relacionada com os cosméticos. Trata-se de uma dependência de cremes séruns e outros produtos ligados à pele já referida em 2018 em homens e mulheres que parte do medo de envelhecer, mas que agora chega também a crianças, pré-adolescentes e adolescentes que, influenciadas por estrelas e modas nas redes sociais que recomendam o uso de determinados produtos como caminho para uma pele sem rugas por mais anos.

Este transtorno comportamental tem impacto na saúde física e mental, alertam os médicos, dermatologistas e psicólogos, fazendo com que crianças mesmo a partir dos dez anos comecem rotinas desadequadas à sua pele.

Em busca desse ideal de beleza, outras vezes sem sequer ter clara a razão por que o fazem, como explica na peça a jornalista Helena Bento, seguindo os influencers do TikTok e Instagram usam cremes, tónicos, séruns e outros sem testes realizados para uso nestas idades, com repercussões ao nível da pele, nomeadamente reacções alérgicas. Os activos agressivos dos cuidados de pele, concebidos para outras idades, provocam inflamação, hiperpigmentação, quebra de colagénio, acne precoce. No entanto, a longo prazo, este uso indevido de substâncias desadequadas a uma pele jovem e sensível pode promover outras situações, como o aparecimento de doenças, alertam os dermatologistas, confrontados com estes casos. Para além de um envelhecimento da pele não natural.

Relatos não apenas em Portugal dão conta de que chegam crianças com os pais aos consultórios com sacos de produtos que dizem não funcionam, que provocam alergia. E chegam também com pedidos para que lhes recomendem produtos anti-envelhecimento.

Além do impacto físico, a cosmeticorexia representa um perigo para as crianças e adolescentes a outro nível. Como outros distúrbios comportamentais, tem efeitos na forma como se vêem e do peso que a aparência passa a ter nas suas vidas. É que quando frustradas as expectativas alimentam uma insatisfação com o seu aspecto físico, que passa erradamente a assumir um papel central no seu bem-estar.

“O ciclo de obsessão com as imperfeições alimenta o stress, levando a mais procedimentos invasivos e mais stress - um ciclo amplificado pelos padrões irrealistas estabelecidos pelas redes sociais”, alerta a dermatologista Brooke Jeffy, que tem um canal dedicado a este tema na rede TikTok. “Isto não só deteriora a saúde da pele, como também o nosso bem-estar geral, contribuindo para um sono deficiente, ansiedade e stress”. A chamada geração Z, nascidos na transição do século XX para o século XXI, afirma ainda a médica, “é claramente obcecada” por cuidados com a pele. E pergunta aos pais se os filhos com apenas dez anos estão a pedir séruns e retinol caros. Este é um sinal de alerta.