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Embaixador defende que Portugal deve garantir dimensão sul da NATO

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O embaixador português na NATO, Pedro Costa Pereira, defendeu hoje que Portugal deve procurar garantir que a Aliança Atlântica tem uma "dimensão sul", numa altura em que a guerra na Ucrânia desviou as atenções da organização para leste.

"O nosso objetivo deve ser que a agenda da NATO tenha uma dimensão sul, quando a preocupação da Aliança Atlântica é ser polivalente em todas as frentes", disse Costa Pereira, durante uma conferência 'online' intitulada "A NATO e a Segurança e a Defesa Europeias", organizada pelo Clube de Lisboa, a que a Lusa assistiu.

Para o representante permanente de Portugal junto da NATO, Lisboa deve procurar sensibilizar os aliados da organização atlântica para os riscos que surgem do sul e que não devem ser descurados.

"O que entra a sul não fica a sul. Sobe para norte", lembrou o embaixador, referindo-se a um dos argumentos que os aliados da região do Mediterrâneo podem esgrimir para que a NATO, organização com sede em Bruxelas, não tire o foco das ameaças que podem surgir desse espaço geográfico.

Pedro Costa Pereira explicou que, hoje, quando se pensa em sul dentro da NATO se deve incorporar essencialmente o que sucede na região do Sahel - a faixa entre o deserto do Saara e a savana do Sudão, entre o Oceano Atlântico e o Mar Vermelho - e que pode ter repercussão em todo o espaço de ação da Aliança Atlântica.

Este desafio torna-se ainda mais relevante quando a invasão russa da Ucrânia veio desviar as atenções da NATO para leste, como lembrou Henrique Burnay, consultor da Eupportunity e interlocutor nesta conferência organizada pelo Clube de Lisboa, no âmbito da série Lisbon Speed Talks.

O embaixador defendeu ainda que os países europeus que fazem parte da NATO devem reforçar as suas capacidades de defesa, mas sempre dentro do espírito de defesa comum da Aliança Atlântica.

"Uma coisa é o pilar europeu dentro da NATO. Outra coisa é um pilar europeu com capacidade autónoma", argumentou Costa Pereira, salientando o risco de alguns países europeus que fazem parte da Aliança terem planos para reforçar o investimento de defesa em setores que podem ser duplicadores do esforço da organização atlântica.

"Os países que estão na NATO, mas não fazem parte da União Europeia olham para isso com desconfiança", avisou o embaixador, lembrando que alguns desses países são igualmente poderosos responsáveis no que diz respeito ao investimento na Aliança Atlântica, como é o caso dos Estados Unidos ou do Canadá.

Pedro Costa Pereira reconheceu, contudo, que tem existido uma aproximação entre as duas organizações (UE e NATO), apesar de manterem uma relação difícil, em algumas situações.

"Ambas partilham a mesma cidade como sede há 60 anos, Bruxelas, mas mesmo assim nunca realizaram uma cimeira", salientou o embaixador, para explicar a forma delicada como se olham, num cenário de confluência e dissonância de posições.

Após a entrada da Finlândia e da Suécia, que romperam com décadas de não-alinhamento militar, a NATO integra atualmente 32 países-membros. Portugal é um dos membros fundadores da Aliança Atlântica.