Resolver as altas problemáticas – uma questão de eficiência económica
Um dos primeiros conceitos que apresentamos aos novos estudantes de Economia é o da Fronteira de Possibilidades de Produção. Esta Fronteira representa o montante máximo de produção quando todos os recursos são utilizados de modo eficiente, ou seja, de tal forma a que não seja possível produzir mais de nenhum bem sem diminuir a produção de outro bem.
Se estivermos sobre a Fronteira de Possibilidades de Produção não há desperdício de recursos e se quisermos aumentar a produção de um bem temos de decidir qual o bem que iremos produzir menos. Penso que se a ideia de fronteira estivesse mais presente no nosso dia a dia, não veríamos tantas pessoas a pensarem que é possível pedir mais de tudo; mais saúde, mais educação, mais defesa… a não ser que não estejamos sobre a fronteira.
Numa grande reportagem recente de um dos canis televisivos eram apresentados vários casos de altas problemáticas, ou seja, casos de pessoas que continuam hospitalizadas apesar de já não haver razões clínicas para o seu internamento hospitalar. Na reportagem informavam que estes casos representam cerca de 10% do total de internamentos, o que representa uma despesa muito avultada, que é suportada por todos nós contribuintes, e também uma menor capacidade de camas para novos internamentos.
A razão para estes pacientes das altas problemáticas se manterem internados é não haver alternativa disponível para a sua situação que, para muitos, é não conseguirem sobreviver sem apoio de terceiros. Assim haverá que estudar qual é a melhor maneira de encontrar soluções que lhes permitam ter qualidade de vida e não impliquem o enorme custo que é estar no hospital.
Acredito que existem muitas soluções mais acessíveis e que até sejam mais do agrado das pessoas internadas, como seja a possibilidade de voltarem às suas casas com apoio domiciliário, Este apoio é, por certo, mais barato do que internamento hospitalar e ao sê-lo faz com que não estejamos a ser economicamente eficientes na situação atual e, por consequência, fora da fronteira de possibilidades de produção.
Numa sociedade a envelhecer ao ritmo da portuguesa não nos podemos dar ao luxo de não sermos eficientes na escolha de todo o apoio que dermos aos idosos que bem merecem ter um resto de vida com qualidade.