BE e PAN abrem "porta de diálogo" para convergências que impeçam retrocessos
As líderes do BE e do PAN deixaram hoje aberta uma "porta de diálogo", quer no parlamento quer fora, para convergências e diálogo numa oposição ao futuro Governo de direita para impedir "retrocessos sociais".
A reunião entre as comitivas do BE e do PAN foi a primeira da ronda pedida pelos bloquistas a todos os partidos de esquerda e ecologistas na sequência das eleições legislativas de 10 de março, tendo ao final de uma hora de encontro falado aos jornalistas Mariana Mortágua, pelo BE, seguida de Inês de Sousa Real, do PAN.
"É a primeira vez que o Bloco de Esquerda e o PAN têm uma reunião e esta primeira reunião abre uma ponte, uma porta de diálogo. Há um acordo entre estes dois partidos para que exista uma convergência e capacidade de diálogo na oposição, uma convergência sobre questões essenciais", referiu a bloquista.
Segundo Mortágua, foi feito pelos partidos "um balanço sobre o preocupante crescimento da extrema-direita e a viragem à direita no país", tendo ficado acordado que se manterá a partir de hoje "uma porta aberta para um diálogo", quer na Assembleia da República quer fora entre as duas forças políticas.
"Que os partidos à esquerda, que os partidos ecologistas que partilham agendas de direitos sociais, de igualdade e de igualdade entre homens e mulheres que têm estas pontes de diálogo, estas convergências capazes de garantir que não há retrocessos sociais, capazes de garantir que há questões na oposição em que há convergência, diálogo e coordenação de ações e de que há um campo para as alternativas e alternativas em que há pontos que o PAN e o Bloco de Esquerda partilham", enfatizou a coordenadora do BE.
Na mesma linha, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, "disponibilizou-se desde o primeiro momento" para este diálogo.
"Saiu claro desta reunião que há uma convergência para garantirmos que direitos adquiridos não servem como moeda de troca e que matérias tão preocupantes, que temos trabalhado nas anteriores legislaturas, como a morte medicamente assistida, que não há retrocesso em matéria de direitos humanos das mulheres, como é o caso da interrupção voluntária da gravidez ou até mesmo em matérias como o bem-estar animal ou a defesa do ambiente e a luta contra as alterações climáticas", defendeu.
Para Inês de Sousa Real "estas pontes de diálogo" são importantes para que se garanta "que a maioria que se formou à direita e em particular também dando a mão à extrema-direita, como é o caso do Chega, que não põe em causa estes direitos adquiridos".
"E que, de alguma forma, eles não são utilizados como moeda de troca naquilo que possa ser a governação do Luís Montenegro e na sua tentativa de alguma forma de poder garantir essa estabilidade governativa", disse.