CDU atira à direita pela discriminação nos discursos sobre imigração
O secretário-geral do PCP criticou hoje, em Beja, os partidos de direita pelas posições sobre imigração, denunciando "o discurso do ódio, racismo e discriminação", e apelando ao pleno reconhecimento dos direitos dos imigrantes.
"Os discursos do ódio, do racismo e da discriminação que têm vindo a aumentar, mais não fazem do que querer desviar as atenções dos reais problemas e dos responsáveis que meteram milhares de cidadãos portugueses para fora do seu país", disse Paulo Raimundo, num comício da CDU (Coligação Democrática Unitária, que junta PCP e PEV) na Casa da Cultura, em Beja.
Numa região com uma forte presença de imigrantes no setor agrícola, o líder comunista salientou as "alterações que estão em curso na região e um pouco por todo o país", e procurou estender os princípios do 25 de Abril a esta população, considerando que a estigmatização só reforça o tráfico de seres humanos.
"Este discurso do ódio, do racismo e da discriminação são um contributo a todo o tipo de máfias e ao tráfico de seres humanos e a exploração que dão milhões a ganhar a quem não tem uma pinga de escrúpulos na sua relação com um ser humano. Também aqui é preciso garantir os direitos a todos, independentemente de onde venham e da sua nacionalidade", frisou.
E acrescentou: "Abril fez-se para todos e para os que cá chegam, e é para todos que são as suas conquistas e os seus valores. A todos têm de ser consagrados os direitos para se poderem exigir os deveres. Deem-lhes direitos e podemos exigir os deveres".
O tema da imigração ganhou protagonismo na campanha eleitoral para as legislativas de dia 10 quando o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho surgiu numa iniciativa de campanha da Aliança Democrática (AD), na qual associou o tema à insegurança, tendo também o presidente do Chega, André Ventura, lançado a ideia de um pacto para a imigração.
Perante aproximadamente 200 pessoas, Paulo Raimundo não esqueceu as críticas ao PS, aos partidos da direita e aos grandes grupos económicos, mas defendeu que o discurso sobre imigração serve para não falar dos jovens portugueses que saíram nos tempos da 'troika', além de reiterar a consagração das 35 horas de trabalho semanais para os trabalhadores.
"Empurraram-nos para fora à procura de uma vida melhor. São milhares e milhares, em particular jovens - e jovens alentejanos -, que estão a ser empurrados para onde for, à procura de melhores salários e mais estabilidade que não encontram cá. E quanto mais se fala da imigração, menos se fala da responsabilidade dos políticos que estão a empurrar todos os dias o nosso povo lá para fora", sentenciou.
A mesma ideia relativamente aos imigrantes foi partilhada pelo cabeça de lista da CDU pelo distrito de Beja, o deputado João Dias, que advogou a "valorização dos trabalhadores agrícolas, a começar por respeitar os imigrantes que são explorados, quer por exploradores que vêm de fora, quer por aqueles que cá estão".
Num distrito onde conseguiu um dos seis deputados presentes na última legislatura, o secretário-geral do PCP apelou ao voto dos eleitores de Beja em João Dias, ao notar que é preciso "bater a todas as portas", mobilizando "aldeia a aldeia, monte a monte".
"O Alentejo e o distrito de Beja precisa de mais força da CDU. Precisa de eleger, e vai eleger, o João Dias. Ao contrário dos deputados do PS e do PSD, nunca faltou a nenhuma chamada das populações lá onde foi preciso estar. É um deputado de palavra, dignidade, confiança e só ao serviço dos trabalhadores", garantiu.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.