Pedro Nuno afirma que Montenegro lançou a dúvida sobre progressões na administração pública
O secretário-geral do PS desafiou hoje o presidente do PSD a esclarecer se quer alterar o sistema de progressões nas carreiras da administração pública, designadamente dos professores, colocando em causa o fator tempo de serviço.
Pedro Nuno Santos falava aos jornalistas em Mirandela, durante uma breve visita à Feira da Alheira, com a presidente da Câmara, Júlia Rodrigues, e com a cabeça de lista socialista por Bragança, Isabel Ferreira, onde cumprimentou vendedores de produtos regionais transmontanos, como queijos, alheiras, azeite e vinho.
Na sexta-feira à noite, em Santa Maria da Feira, o presidente do PSD, Luís Montenegro, defendeu que os funcionários públicos "devem ter um sistema de progressão sempre e só influenciado pelo seu desempenho, pelo seu mérito".
Para o líder socialista, "era muito importante que o líder da Aliança Democrática (AD) dissesse mesmo ao que vem" em relação aos trabalhadores da administração pública.
"Afirmou que nas carreiras se pode progredir pelo mérito, mas isso já acontece na administração pública. Mas há carreiras em que se progride pelo tempo, como a dos professores", observou.
Pedro Nuno Santos referiu-se depois à promessa do PSD de recuperar de forma faseada a totalidade do tempo de serviço congelado aos professores.
"Era importante que Luís Montenegro explicasse que não quer alterar as regras de progressão da carreira docente. Ficámos com essa dúvida", acentuou.
Nas declarações aos jornalistas, Pedro Nuno Santos recusou-se a explicar o motivo pelo qual disse que acreditava que o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho seria o seu próximo adversário político e negou "estar a mandar piropos à AD".
"Quem atira piropos sobre mim são os candidatos da AD. Eu nunca mando piropos a ninguém", contrapôs, antes de ser confrontado com uma declaração de Luís Montenegro em que afirma que na coligação estão todos juntos.
Pedro Nuno Santos reagiu: "Ainda bem que diz, porque assim fica claro que a AD é um projeto do passado, porque é isso que eles estão a mostrar ao país".
Segundo o secretário-geral do PS, "De vez que aparece alguém [da AD], as pessoas lembram-se do pior".
"Lembram-se do ataque às pensões de Pedro Passos Coelho, do ataque aos direitos das mulheres de Paulo Núncio, seja a negação das alterações climáticas feita pelo cabeça de lista da AD em Santarém [Eduardo Oliveira e Sousa]. O que a AD tem para apresentar é o passado", sustentou.
Perante a insistência dos jornalistas e questões sobre o primeiro-ministro entre 2011 e 2015, o secretário-geral do PS respondeu: "A única coisa que sei é que Pedro Passos Coelho, com o então seu líder parlamentar, Luís Montenegro, atingiram o povo muito para lá daquilo que estava no memorando da 'troika'".
"Isso faz parte do currículo deles. Não são confiáveis para os mais velhos em Portugal", acrescentou, depois de ter cumprimentado vários cidadãos idosos que visitavam a Feira da Alheira de Mirandela.