Mitigar emissões de carbono para produção de bitcoin custa 300 milhões de dólares
“300 milhões de dólares” é quanto será necessário para compensar toda a pegada de emissão de carbono na componente de network da rede de mineração bitcoins. Uma forma de contrariar é encontrar uma alternativa de produção mais limpa utilizando um combustível com potencial de redução maior do que aquele que causa. E essa fonte chama-se: “metano”, observou.
Os números foram apresentados por Nuno Barbosa, co-fundador da Unicarbo, um português que há duas décadas embarcou para o estado de São Paulo, no Brasil, onde actualmente gere uma empresa focada totalmente no sector da Energia e Biogás.
“Não é muito e com isso resolvemos o problema mundial”, disse logo após ter participado no painel múltiplas ferramentas para sistemas de energia e onde também participaram Mark Morton, Erik Hersman, Ali Chehresaz, Jesse Pielke. O orador confessou ser o único que não tinha qualquer participação na rede de bitcoins até que falou com Daniel Batten, um investidor, autor, analista e defensor ambiental baseou a sua apresentação em números de emissões de gases para atmosfera, sócio-gerente da empresa CH4 Capital.
“A minha especialidade é o biogás em aterros sanitários para poder gerar energia, e na primeira vez que me falaram para associar o consumo de energia de bitcoin à produção de aterros sanitários pensei logo que seria interesses conflitantes: os meus clientes querem vender energia cara e vocês querem vender energia barata. Isto não vai funcionar”, recordou o pensamento à época. Mas mudou: “Isso é verdade para a metade dos casos. Para a outra metade, para onde não existe solução, onde não existe a possibilidade de vender energia, não é verdade”, declarou.
Neste momento colabora com a CH4 Capital e num investimento de 10 milhões de dólares mas, afirmou, que futuro próximo, numa segunda fase, está projectado um reforço do investimento 30 milhões e numa outra fase com mais 25 milhões de dólares.
A Unicarbo tem vindo a crescer fruto da exploração de aterros sanitários na América Latina onde a decomposição anaeróbia dos resíduos domésticos no qual 30 a 40% é composto por matéria orgânica [sobretudo muitos restos de comida]. É nessa altura que as batécterias começam actuar gerando a decomposição produzindo biogás [metano] cujo efeito de estufa, dependente da fonte, é responsável por “28 a 80 vezes superior ao dióxido de carbono”. Dito de outra forma, “a quantidade de emissões mundiais resultantes dos resíduos é cerca de 11% e o metano é o segundo gás mais causador de efeito de estufa na atmosfera sendo que metade dele é culpa nossa”.
Nuno Barbosa explicou que a forma simples de captar essa fonte de energia tem sido através da técnica de perfuração nos aterros sanitários onde estão amontoados toneladas e toneladas de resíduos: “O biogás é super semelhante ao gás natural com a diferença que o gás natural é quase 100% de metano, enquanto que o biogás é 50% metano. Outra diferença é que o metano do biogás é é natural, criado por bactérias ao invés do metano do gás natural provém do combustível fóssil ”.
Pela queima, técnica usada, segundo Nuno Barbosa evita-se que o metano vá directamente para atmosfera conseguindo reduzir as emissões de carbono que directamente seguiriam descontrolada.
No caso da Madeira, ao que diz saber, é usada a incineração dos resíduos [Estação da Meia Serra], “uma forma de redução de emissões de dióxido de carbono e também gera energia, naturalmente sem produção de biogás”.