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Vamos a votos

Surpreendentemente, o ano de 2024 afigura-se fecundo em eleições. Depois de termos votado, no de passado dia 10, para a composição de uma nova Assembleia da República e, consequentemente, para um novo governo, mal temos tempo para nos prepararmos para novos atos eleitorais, um dos quais já tem data marcada: as eleições para o Parlamento Europeu, que acontecerão a 9 de julho. No entanto, há um outro que, quase pela certa, se realizará entre finais de abril e maio: as eleições para a Assembleia Legislativa Regional, já que deve ser essa a decisão do Presidente da República, quando retomar o poder de dissolver o Parlamento Regional.

Todavia, para os associados do Sindicato dos Professores da Madeira, há mais, uma vez que, no dia 15 de maio, se realizarão as eleições para os seus corpos gerentes. São atos bem distintos, bem sabemos, mas todos eles são, ainda que a níveis diferentes, a manifestação de uma grande conquista do 25 de Abril, cujo cinquentenário estamos prestes a celebrar: o direito de participarmos, com toda a liberdade, na escolha dos nossos representantes, seja nos órgãos da República, da Região, da União Europeia ou das organizações/associações a que pertencemos.

Não tenho dúvidas de que termos 3 (residentes na RAM, em geral) ou 4 eleições (associados do SPM), em 4 meses, é uma excelente forma de celebrarmos os 50 anos da Revolução de Abril. Tenho encontrado várias pessoas que se dizem desiludidas por esta efeméride acontecer quando a composição da Assembleia da República comporta forças partidárias que põem em causa os valores de Abril. No entanto, tenho para mim que, acima dos interesses individuais e partidários, sempre hão de prevalecer os valores que fazem de nós cidadãos de pleno direito.

Quanto à eleição dos próximos corpos gerentes do SPM, embora nada tendo a ver com política partidária, não deixam de ser um importante acontecimento político, no sentido mais nobre da etimologia de πόλις (pólis), que, como sabemos, se refere a tudo o que diz respeito à sociedade e aos cidadãos, em geral. Julgo não restarem dúvidas de que o SPM tem dado, ao longo dos 46 anos da sua existência, festejados no passado dia 12, um enorme contributo para a melhoria da nossa sociedade. Sim, este Sindicato não se limita a defender interesses corporativos, ainda que esses sejam também importantes para a qualidade da educação, antes alarga o seu olhar e estende o seu campo de atuação a matérias fundamentais para o progresso e desenvolvimento de toda a sociedade. Refiro-me, por exemplo, à defesa de uma educação pública de qualidade para todos os cidadãos, independentemente das suas diferenças; de uma educação inclusiva que a todos trate com equidade; de currículos adequados ao desenvolvimento integral dos alunos e das crianças…

Por isso, é importante que, deste ato eleitoral interno, saiam corpos gerentes capazes de continuar a responder aos grandes desafios da educação e da carreira docente, a fim de que os valores de Abril não se percam, independentemente dos partidos que ocupem o poder.