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Putin afirma ter concordado com troca de Navalny por prisioneiros russos no Ocidente

FOTO MIKHAIL METZEL/SPUTNIK/KREMLIN POOL/EPA
FOTO MIKHAIL METZEL/SPUTNIK/KREMLIN POOL/EPA

O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou hoje ter concordado com uma troca de prisioneiros com os países ocidentais, incluindo o seu principal crítico Alexei Navalny, antes da sua morte na prisão em meados de fevereiro.

Num discurso transmitido pela televisão após a confirmação da reeleição na presidência russa, Putin disse ter concordado quando a ideia de trocar Navalny por "certas pessoas que estão nas prisões dos países ocidentais" foi levantada. "Só havia uma condição: que o trocássemos e que ele não voltasse. Deixem-no ficar lá. Mas a vida é assim mesmo", afirmou o Presidente russo. "Acreditem em mim ou não. O homem que falou comigo ainda não tinha terminado a frase e eu disse logo: concordo. Mas infelizmente o que aconteceu, aconteceu", afirmou Putin, que pela primeira vez mencionou o nome de Navalny. Putin descreveu ainda a morte de Navalny numa prisão no Ártico como "um acontecimento triste".

No final de fevereiro, os assessores do líder da oposição russa acusaram Putin de ordenar o seu assassinato, dias antes da sua troca pelo checheno Vadim Krasikov, que assassinou o georgiano Zelimjan Khangoshvili em Berlim em agosto de 2019, pelo qual foi condenado a prisão perpétua por um tribunal alemão. "Navalny deveria ter sido libertado dentro de alguns dias, uma vez que chegámos a uma decisão sobre a sua troca", disse Maria Pevchij, uma colaboradora próxima de Navalny, num vídeo partilhado na plataforma YouTube.

Os aliados de Navalny na oposição russa afirmam que foi Putin quem decidiu à última hora torpedear a troca, que também incluía cidadãos norte-americanos. "Em 16 de fevereiro de 2024, Vladimir Putin matou Alexei Navalny. Matou-o de forma vil e cobarde numa longínqua prisão siberiana, onde Navalny foi mantido afastado do resto do mundo, isolado da sua família e entes queridos, morto à fome e torturado", afirmou Pevchij.

A invasão da Ucrânia, há dois anos, convenceu os colaboradores do líder da oposição de que tinham de o tirar da prisão "a qualquer preço". O nome de Krasikov foi mencionado várias vezes na imprensa dos Estados Unidos no âmbito da possível troca de cidadãos russos por americanos, entre os quais por Paul Whelan, que foi condenado na Rússia a 16 anos de prisão por espionagem.

Além disso, durante a recente entrevista com o jornalista norte-americano Tucker Carlson, Putin aludiu a um "patriota" russo, numa clara referência a Krasikov, como possível objeto de troca pelo jornalista do The Wall Street Journal Evan Gershkovich, detido desde março do ano passado.

Dezenas de milhares de russos assistiram ao funeral de Navalny em Moscovo, no maior protesto contra a repressão do Kremlin e a guerra na Ucrânia realizado até hoje na capital russa.