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Greve geral de quinta-feira "entrou para a história do jornalismo português"

Redações de 64 órgãos de comunicação social locais, regionais e nacionais ficaram totalmente paralisadas e registaram-se sérios constrangimentos noutras dezenas

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Foto Hélder Santos/ Aspress

Na Madeira, cerca de 24 jornalistas reuniram-se em frente à Assembleia Legislativa da Madeira para abordar as questões que afectam a profissão

"A greve geral de jornalistas desta quinta-feira, a primeira em mais de 40 anos, foi um marco na história do jornalismo português", transmitiu hoje o Sindicato dos Jornalistas (SJ), num comunicado remetido às redacções, em jeito de balanço à greve de 14 de Março. De acordo com o SJ mais de 60 redacções do país ficaram "totalmente paralisadas".

Os jornalistas aderiram em massa ao protesto nacional por condições de trabalho dignas e em defesa da democracia. As redacções de 64 órgãos de comunicação social locais, regionais e nacionais ficaram totalmente paralisadas e registaram-se sérios constrangimentos noutras dezenas. O Sindicato dos Jornalistas espera que as direcções e administrações tenham compreendido o descontentamento que grassa entre a classe, passando finalmente das palavras aos actos

O Sindicato aponta também que registou-se uma "adesão massiva" da imprensa regional, "essencial para o sucesso da greve e cujos jornalistas há muito apontam para a degradação das suas condições de trabalho e dificuldades específicas de sustentabilidade financeira dos seus órgãos de comunicação social".

As redações da Rádio SBSR, Rádio Despertar Voz de Estremoz, Rádio M24, Seia Digital, Rádio Paivense, Porto Canal, Médio Tejo, Sete Margens, Almada Online, Barlavento, Diário da Lagoa, Jornal do Algarve, Jornal do Ave, Jornal do Centro, Jornal do Fundão, Maré Viva, Notícias da Covilhã, Sul Informação, Diário Insular, Notícias do Sorraia, Rádio Cova da Beira, Região de Leiria, Reconquista, Rádio do Pico, Rádio Asas do Atlântico, entre tantas outras, ficaram totalmente paralisadas.

A paralisação total da comunicação social nacional generalista também foi "bastante significativa", indica o SJ.

As redações da Agência Lusa, Antena Um , RTP, RTP Madrid, RTP Castelo Branco, TimeOut, TSF, Diário de Notícias (cuja edição em papel não chegou esta sexta-feira às bancas), RDP África, O Jogo, Jornal de Negócios, TVI/CNN Algarve e SIC Évora também ficaram totalmente paralisadas. A RTP Açores não emitiu a edição do Jornal da Tarde.

Alguns órgãos de comunicação social não tradicionais também aderiram ao protesto, paralisando a 100%. Casos da: Fumaça, Shifter, Divergente, Comunidade Cultura e Arte, Lisboa para Pessoas e Setenta e Quatro.

Também houve rádios e jornais universitários a juntarem-se ao protesto, registando-se a adesão total do jornal Cabra, da Rádio Universitária de Coimbra (RUC) e da Rádio Universitária do Minho (RUM), "um sinal claro de que a luta de hoje é também a luta pelo futuro da classe".

O comunicado realça igualmente que quase 20 jornalistas freelancers, "um dos segmentos da classe mais vulneráveis", comunicaram ao Sindicato a sua adesão à greve.

Houve, no entanto, órgãos de comunicação social nacionais generalistas que não pararam totalmente, ainda que tenham registado fortes constrangimentos no seu fluxo noticioso. Foi o caso do Jornal de Notícias (adesão de 93), Público (83%), Expresso (75%), Visão (75%), Observador (75%) e Rádio Renascença (38%), precisa o SJ.

É também realçado o facto de que a adesão em massa dos jornalistas à greve geral ter aconteciado "num ambiente em que as hierarquias procederam a vários esquemas (ilegais) para reduzir o impacto do protesto nas várias redações".

Além de as chefias terem perguntado aos jornalistas se iriam aderir à greve, o que é ilegal, o Sindicato dos Jornalistas tem conhecimento de ter existido aliciamento com horas extraordinárias ou dias de folga extras aos jornalistas que não lhe aderissem, recurso a trabalhadores a recibos verdes substituindo jornalistas do quadro em greve e reforço de turnos, entre outros.

As concentrações desta quinta-feira por todo o país também contaram com uma forte presença de jornalistas, "um claro sinal de fortalecimento da união e solidariedade entre a classe: Lisboa (cerca de 500 pessoas), Porto (200), Coimbra (65), Faro (30) e Ponta Delgada (17). Registaram-se ainda duas concentrações espontâneas, uma em Viseu e outra em Évora".

Na Madeira - embora não seja referido no comunicado do SJ - também se realizou uma concentração de jornalistas, em frente à Assembleia Legislativa Regional. 

 Cerca de 24 jornalistas (dos quase 80 sindicalizados) reuniram-se  para abordar as questões que afectam a profissão. Umas das conclusões desta concentração foi a criação de um grupo de trabalho, a ser constituído por jornalistas membros do Sindicato de Jornalistas da Madeira, para definir as prioridades da classe, nesta que pretende ser uma nova etapa na vida desta instituição.

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Cerca de 24 jornalistas, dos 80 sindicalizados na Madeira, reuniram-se esta quinta-feira em frente à Assembleia Legislativa da Madeira (ALM), em solidariedade com a greve nacional e para abordar as questões que afectam a profissão.

O balanço da Direcção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas aos números da greve geral de jornalistas, às 13 horas de quinta-feira, apontavam para perto de uma dezena nas principais redações (dois jornalistas no DIÁRIO de Notícias da Madeira; um jornalista no JM; seis jornalistas na RTP-Madeira).

Direcção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas faz balanço aos números da greve

A Direcção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas acaba de emitir um balanço aos números da greve geral de jornalistas.

Ressalve-se que a concentração ocorreu a partir das 15 horas, pelo que o número de jornalistas que se aliaram ao protesto terá sido superior.

O jornalistas reivindicam, entre outros aspectos: aumentos salariais em 2024 superiores à inflação acumulada desde 2022 e a melhoria substancial da remuneração dos freelancers; o fim da precariedade generalizada e fraudulenta no sector, pelo recurso abusivo a recibos verdes e contratos a termo e a melhoria das condições de trabalho do sector.

O Sindicato recorda que o V Congresso de Jornalistas, realizado em Janeiro, mandatou por unanimidade o Sindicato dos Jornalistas para convocar e mobilizar a classe para uma greve geral, depois de uma primeira (de uma hora) já ter acontecido em solidariedade com os jornalistas e trabalhadores do Global Media Group, alvo de despedimentos colectivos.

Reitera ainda "o seu compromisso com a defesa dos direitos de todos os jornalistas, entre os quais o inalienável direito à greve, a continuar a lutar por condições de trabalho dignas e a defender democracia".

Porque não se escreve liberdade sem jornalismo.