Viva a justíssima greve das(os) Jornalistas!
Felisbela Lopes, há tempo, escreveu um livro: 'JORNALISTA - profissão ameaçada', com chancela da ALETHEIA EDITORES, cujo título é elucidativo. Escrita feliz e bela, a ler, pois claro!
Há 40 anos, os Jornalistas não faziam greve. De então para cá esteve tudo bem? Não... A luta contra a precariedade, a pressão exercida nas redações que conduz ao esgotamento sem apoio psicológico, (excepto um título), o trabalho a sobrepor-se avassaladoramente à vida privada e familiar, a má remuneração e ausência dela nas horas extras e, por aí fora fazem desta justíssima greve a exigência de tudo o que é dos Jornalistas - por direito próprio.
Sei do que escrevo, por relatos de camaradas Jornalistas, por ter presenciado num jornal regional, onde dei milhares de carateres, e não havendo dinheiro para quem fazia o semanário, houve sempre para os acionistas... e, ainda: no Jornal de Notícias, há anos, pelo despedimento de Jornalistas, comovi-me. As minhas íris banharam-se com as águas do Douro. Uma camarada Jornalista aflita abeirou-se: - sente-se mal?! Vou buscar um copo com água. - Espere p.f., despedimentos porquê? - Não há dinheiro. Retorqui: Também vão «despedir» os acionistas?
O meu amor pelas palavras, que são estrelas, é imensurável, daí...
Um jornalismo quer-se livre, independente e de qualidade, como se lê nos Editoriais, não é compaginável com os graves défices, que os Jornalistas sublinham. Esta profissão tem de voltar a ser nobre, respeitada e credível. Viva a imprensa!
Vítor Colaço Santos