Afinal as sondagens mentem ou não?

Depois das legislativas nacionais que aconteceram em 2022, houve uma grande discussão sobre os resultados das sondagens.

Principalmente pelo falhanço destas. Não previam a maioria absoluta para o partido socialista. O que veio a acontecer para surpresa de todos.

Nestas eleições de domingo passado, quase todas estiveram dentro das margens de erro e deram a vitória à AD. Quando ainda faltam conhecer os resultados dos Círculos Eleitorais da Europa e fora dela.

Afinal não mentem (também falham).

Tanto que a nível regional, como a nível nacional não falharam muito, com maior ou menor margem de erro.

Por exemplo, na Madeira, as duas que foram feitas para os órgãos de comunicação social local; a do JM e a do DN/Madeira, ambas, acertaram na atribuição dos 6 mandatos em disputa; PSD/CDS 3, PS 2 e Chega 1, embora em números absolutos tiveram algumas diferenças.

A grande dúvida tanto na região como a nível nacional, foi a grande percentagem de indecisos, que os estudos de opinião indicavam.

Será que eram mesmo indecisos?

O mais provável é que não. Estes já tinham tomado a sua decisão em quem votar. Simplesmente não o quiseram dizer no estudo. Ou também por medo e desconfiança. Mas, na hora de votar não tiveram dúvidas.

Só assim, se justifica a surpresa das percentagens obtida por alguns partidos, na região e no país.

Temos de ter em atenção que alguns estudos já indiciavam valores idênticos, em que muitos subestimaram e acharam exagerados. Isso era evidente em algumas amostras; em certos grupos etários, no nível escolaridade e da classe social que provinham.

Por último, temos a pequena percentagem que decide o voto à última da hora e que poderá fazer a diferença, como no caso das eleições de domingo. A AD ganhou com uma margem mínima.

Como sempre disse e continuo a dizer, as sondagens não são o resultado final do “jogo”, mas sim uma tendência naquele momento em que as pessoas são inquiridas. Também poderão ser usadas para manipular os eleitores, pela forma como são publicadas. Aqui o marketing político faz o resto.

Com o decorrer da campanha, da prestação dos candidatos, das situações inesperadas que poderão ocorrer, estas, muitas vezes influenciam na decisão final do eleitor, na hora de votar.

No último estudo publicado esta semana, no JM/88.8, elaborado pela Intercampos, com o objetivo de conhecer a intenção de voto, dos residentes na Região Autónoma da Madeira, em caso de eleições antecipada. Temos o seguinte cenário; O PSD obtém 29,7%, PS 21,2%, JPP 7,7%, CH 5,5%, IL 4,5%, PCP 2,5%, PAN 1,0%, CDS 0,8%, VOLT 0,3%, RIR 0,3%, PTP 0,3%, LIVRE 0,3 e Outro 1,3%. Curiosamente neste estudo o BE, nem é citado. Outro dado a ter em conta são os 25,4% de indecisos, e pela conclusão que tivemos das eleições nacionais, poderemos facilmente depreender que estes indecisos (que não são indecisos), vão baralhar todas as contas que se fizer e termos mais algumas surpresas. Esperaremos para ver.

António Nóbrega