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Fact Check Madeira

O resultado eleitoral do PS/M nas Legislativas Nacionais de domingo foi catastrófico?

No Círculo Eleitoral da Madeira os socialistas perderam mais de 10 mil votos e, consequentemente, um deputado – elegeram dois – relativamente às Legislativas Nacionais de 2022.

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Para o PSD/Madeira o resultado eleitoral do principal adversário, o PS/M, que perdeu mais de 10 mil votos e um mandato/deputado em relação às Legislativas Nacionais de 2022, não é mais que uma “derrota catastrófica”, declarou o deputado social-democrata Carlos Rodrigues na intervenção política semanal proferida esta quarta-feira na Assembleia Legislativa da Madeira.

O "grande derrotado" foi o PS/Madeira que teve "mais uma derrota e um catastrófico falhanço desta liderança e das suas escolhas", ao perder mais de 10.000 votos, perdeu um deputado e "o segundo foi eleito por 518 votos", afirmou o parlamentar ‘laranja’ ao abordar os resultados das eleições do passado domingo pelo Circulo Eleitoral da Madeira.

Nesta mais recente eleição para a Assembleia da República, a coligação PSD/CDS-PP (Madeira Primeiro) venceu com 35,38% dos votos expressos – dos 254.502 inscritos votaram 149.783 (58,85%) – conquistando metade dos mandatos (6) atribuídos à Madeira com a eleição de três deputados. Nas Legislativas Nacionais de 2022, então sozinho, o PSD/M obtivera 39,83% dos votos que garantiu a conquista de três mandatos/deputados.

Já o principal adversário, o PS/M, nestas eleições do passado domingo, ficou-se pelos 19,84% dos votos, razão para ‘só’ ter garantido dois mandatos/deputados, perdendo o terceiro deputado para o CH, que está agora ‘na sombra’ dos socialistas ao alcançarem 17,56%.

Se recuarmos menos de dois anos, até as Legislativas Nacionais de 2022, o PS/M que então conquistara 31,47% dos votos e 3 mandatos, regista de facto significativa quebra (-11,63%) que teve como principal consequência a perda de um deputado, tendo mesmo estado na iminência de não eleger o segundo deputado à República.

Se recuarmos às Eleições Legislativas Nacionais de 2019, na prática os resultados dos socialistas pelo Círculo da Madeira foi muito semelhante ao de 2022. Nas eleições de 2019 para o Parlamento Nacional obtiveram 33,41% dos votos – ficaram a menos de 4% do vencedor, o PSD/M – igualando em mandatos o imbatível PSD/M com a reconquista de três deputados em ‘São Bento’, realidade que até então só havia acontecido nas Legislativas de 2005 (PS obteve 34,99% dos votos/3 mandatos), ano em que a Madeira ‘ganhou mais um lugar no Parlamento’, passando de cinco para seis os deputados eleitos na Região.

No histórico das 15 Eleições Legislativas Nacionais realizadas entre 1976 e 2024, só em três ocasiões (2005, 2019 e 2022) o PS/M logrou eleger três deputados e empatar, em mandatos, com o PSD/M.

Os dois deputados eleitos pelo PS/M este domingo, iguala, em mandatos, os resultados de 1995, 1999 e 2015. Nos restantes oito actos eleitorais (1976, 1979, 1983, 1987, 1991, 2002, 2009 e 2011) para a Assembleia da República ou seja, em mais do dobro dos sufrágios, o PS/M só logrou conquistar um mandato dos cinco em disputa até 2002 (excepto em 1976/6 mandatos), e seis mandatos a partir de 2005.

Concluiu-se assim que classificar de “derrota catastrófica” o resultado dos socialistas madeirenses nestas últimas eleições peca por excesso a apreciação. Tanto mais que ‘catástrofe’ significa uma grande desgraça, uma calamidade. Mesmo em sentido figurativo, o histórico do PS/M em Eleições Legislativas Nacionais apresenta piores resultados do que o verificado nestas eleições de 2024. E não é preciso recuar muito no tempo. Neste século o pior resultado dos socialistas madeirenses para a Assembleia da República foi 14,68% nas Legislativas de 2011 (elegeram 1 deputado). Dois anos antes, nas Legislativas de 2009, obtiveram 19,51% (1 mandato), resultado também pior que o destas eleições.

Sendo certo que o resultado do PS/M nestas eleições é negativo, com quebra significativa no número de votos e perda de um deputado, o histórico dos socialistas madeirenses em Eleições Legislativas Nacionais apresenta falhanços mais catastróficos noutros actos eleitorais, nomeadamente nas oito eleições em que o PSD/M elegeu quatro deputados e o PS/M apenas um (1976, 1979, 1983, 1987, 1991, 2002, 2009 e 2011). Em todas estas derrotas expressivas dos socialistas nem sequer é possível associar a actual liderança uma vez que Paulo Cafôfo, o presidente que foi também o cabeça-de-lista do PS/M, ainda não estava na política activa.

Foi “derrota catastrófica” o resultado do PS/M nestas Eleições Legislativas Nacionais?