ONU mostra preocupação com restrições aos direitos humanos e liberdades no Mali
As Nações Unidas manifestaram hoje "profunda preocupação" com o encerramento de organizações da sociedade civil no Mali e com as restrições aos direitos humanos, declarou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Segundo o comunicado do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR, na sigla em inglês), estas medidas parecem "fazer parte das crescentes restrições aos direitos humanos e às liberdades fundamentais".
Desde dezembro de 2023, foram dissolvidas pelo menos quatro organizações, entre as quais a Coordination des Mouvements (Coordenação dos Movimentos), a Associations et Sympathisants de l'Imam Mahmoud Dicko (Associações e Simpatizantes do Imã Mahmoud Dicko) e o Observatoire pour les Elections et la Bonne Gouvernance au Mali (Observatório para as Eleições e a Boa Governança no Mali), segundo comunicou o OHCHR.
A agência das Nações Unidas apelou às autoridades de transição que autorizassem as organizações dissolvidas a retomarem as suas atividades.
"É vital que as autoridades estatais protejam o espaço cívico e assegurem o pleno respeito e a proteção do direito à liberdade de opinião e de expressão, bem como os direitos à liberdade de associação e de reunião - em conformidade com as leis do Mali e as suas obrigações ao abrigo do direito internacional e regional em matéria de direitos humanos", concluiu.
Desde 2012, o Mali tem sido assolado pelas atividades de grupos ligados à Al-Qaida e ao grupo extremista Estado Islâmico, bem como pela violência dos grupos de autodefesa e pelo crime organizado.
A crise de segurança é acompanhada de uma profunda crise humanitária e política, com o Mali a ser governado por coronéis na sequência de um duplo golpe de Estado em 2020 e 2021.
A rebelião independentista dominada pelos tuaregues, que tinha assinado um acordo de paz em 2015, retomou as hostilidades no norte do país no ano passado.