DNOTICIAS.PT
Mundo

Oposição venezuelana inscreve Corina Machado nas presidenciais apesar de desqualificação

None
Foto EPA

A oposição venezuelana anunciou hoje que vai inscrever a candidatura de Maria Corina Machado para as presidenciais de 28 de julho, apesar de a vencedora das primárias opositoras estar desqualificada pelas autoridades locais.

"Que terá que acontecer nos próximos dias: a inscrição dos candidatos e especialmente da candidata da democracia, da candidata da oposição, que é Maria Corina Machado", disse a porta-voz do comando de campanha da líder opositora.

O anúncio foi feito em Caracas pela lusodescendente Andrea Tavares, do comando de campanha de Maria Corina Machado, sublinhando que a "oposição democrática" não contempla a possibilidade de mudar de candidato.

"Falar de substituição de candidatos não faz parte da nossa narrativa (...) Não estamos a falar de substituir um candidato", disse a lusodescendente.

Andrea Tavares explicou que falar de substituir a candidata é "falar de substituir a vontade de 3 milhões de venezuelanos que escolheram o processo de primárias (de 22 de outubro de 2023) como o processo válido e legitimador para eleger um candidato (...) que falar de substituição não está de acordo com o processo democrático que levámos a cabo em 22 de outubro".

Questionada pela Agência Lusa sobre a desqualificação da candidata, explicou que há irregularidades nesse processo, que a legislação venezuelana não está a ser cumprida e remeteu a obtenção de mais esclarecimentos para o departamento jurídico do partido Vente Venezuela (VV), liderado por Maria Corina Machado.

"Estamos a 137 dias desse processo eleitoral. E estamos prontos para enfrentar o desafio. E esse desafio inclui registar a nossa candidata e, claro, a organização dos cidadãos que vão defender o voto. Nós Estamos prontos", frisou.

Durante a conferência de imprensa, Henry Alviarez, chefe de campanha de VV acusou o Conselho Nacional Eleitoral de avançar com um calendário eleitoral escolhido por "uma extensão do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo) que se traduz numa "carreira injusta e desigual" mas que não impedirá a oposição de triunfar.

"A verdade é que falhou o desejo do sistema que representa (Nicolás) Maduro de desmoralizar a sociedade venezuelana. Fracassou porque os venezuelanos têm um desejo claro de ser livres (...) e queremos dizer ao país que não vamos parar de lutar até conseguir eleições livres, transparentes, e a transição que a sociedade venezuelana quer", disse.

Por outro lado, ratificou que a oposição não deixará que a afastem da via eleitoral, "mas, não se enganem: estamos firmes e atentos para fazer o que tenhamos que fazer".

O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no Governo) confirmou, segunda-feira, que o Presidente Nicolás Maduro será o seu candidato nas eleições presidenciais de 28 de julho, para um terceiro mandato de seis anos.

Nesse mesmo dia o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela atualizou a informação aos eleitores para as eleições presidenciais de 28 de julho, tornando pública a desqualificação da opositora Maria Corina Machado para exercer cargos públicos.

A formalização de candidaturas para as presidenciais terá lugar entre 21 e 25 de março, seguindo-se o recenseamento eleitoral no país e no estrangeiro, entre 18 de março e 26 de abril, e a campanha eleitoral, entre 04 e 25 de julho.

Entretanto o CNE convidou a União Europeia (UE), a ONU e o Centro Carter, entre outros, a enviar missões de observação para as eleições.