Terá o PSD conseguido o melhor resultado em nacionais durante a presidência de Albuquerque?
Na noite eleitoral, Miguel Albuquerque disse que o número de votos alcançados pela coligação PSD/CDS superou os de 2015, 2019 e 2022. Mas, terá o resultado de domingo 10 de Março sido o melhor para o partido de Miguel Albuquerque, em eleições legislativas nacionais, desde que este assumiu os destinos do PSD?
A avaliação à questão passa pelo levantamento dos resultados alcançados pelo PSD e pelo PSD coligado com o CDS, nas eleições dos três anos referidos e pela comparação com os de 10 de Março de 2024.
Miguel Albuquerque referiu-se ao número de votos. Mas, para uma avaliação rigorosa sobre se se tratou ou não do melhor resultado, é necessário considerar, igualmente, a evolução do número de votantes, o número de deputados eleitos e a percentagem de votos obtidos.
Os dados oficiais, constantes do sítio da Internet do Ministério da Administração Interna, permitem verificar que as palavras de Miguel Albuquerque foram verdadeiras ao referir que foi obtido o maior número de votos, desde 2015. Mas o presidente do PSD omitiu duas coisas sobre os números.
Em 2015 e 2019 o PSD concorreu sozinho às eleições e em 2022 e 2024 apresentou-se, aos eleitores, coligado com o CDS. Assim, as palavras de Miguel Albuquerque não consideram a mais-valia eleitoral da parceria com o CDS.
O outro facto na apreciação dos números, que não foi considerado por Miguel Albuquerque, foi a evolução do número de pessoas que foram votar.
Em 2024, votaram quase 150 mil pessoas. Em qualquer das eleições anteriores esse número nunca chegou a 130 mil. Além disso, o PS perdeu, relativamente a 2022, 10 mil votos. Simplificando e considerando os 10 mil votos perdidos pelo PS, pode-se dizer que, nas eleições de 2024, houve mais 30 mil votos para todos os partidos (excepto o PS). No entanto, dos 30 mil, o PSD/CDS só conseguiu 2.358 votos, o que claramente não foi bom.
Se a análise incidir no número de eleitos, verificamos que o PSD, só ou em coligação, conseguiu eleger sempre três deputados à Assembleia da República. Assim, o resultado do último domingo não é pior nem melhor.
Impõe-se, agora, a análise às percentagens eleitorais obtidas nos quatro actos eleitorais em análise.
Em 2015 e 2019, o PSD teve 37% dos votos. Foi com Sara Madruga da Costa e o próprio Miguel Albuquerque como cabeças-de-lista, respectivamente.
Em 2022, o cabeça-de-lista foi Sérgio Marques e o PSD, em coligação com o CDS, obteve 40% dos votos.
Neste ano, 2024, com Pedro Coelho a encabeçar a lista, a coligação PSD/CDS obteve 35% dos votos.
Como facilmente se constata, há três perspectivas completamente diferentes: em número de votos o resultado de 2024 foi o melhor (ignorando que foi em coligação e que o número de votantes cresceu mais do que proporcionalmente); em número de eleitos, o resultado foi exactamente o mesmo das demais eleições; em percentagem dos votos obtidos, neste ano, foi obtido o pior resultado desde 2015.
Assim, por Miguel Albuquerque ter falado apenas em número de votos, não os tendo colocado em perspectiva, não ter considerado o número de eleitos e, menos ainda, a percentagem de votos alcançada, consideramos as palavras de Miguel Albuquerque imprecisas.