“Acessos vasculares para hemodiálise são um drama que urge resolver”
“Os acessos vasculares para hemodiálise são um drama que urge resolver através da construção dos acessos vasculares subcutâneos”, afirmou Nuno Morna no parlamento madeirense, apontando que este problema “dramático” que afecta os doentes insuficientes renais “arrasta-se arrastam há muitos anos”.
O deputado único da Iniciativa Liberal (IL) introduzia assim ao debate o projecto de resolução, que “recomenda ao Governo Regional da Madeira realizar as cirurgias destinadas à construção dos acessos vasculares subcutâneos - fistula (fav) ou pontagem arteriovenosa (pav), em todos os doentes insuficientes renais capazes de receber esta intervenção”.
“Há na Madeira muitos doentes insuficientes renais cuja sobrevivência e qualidade de vida dependem, à larga medida, de um bom acesso e eficácia dos tratamentos de hemodiálise”, enfatizou, indicando que são mais de 200, a maioria dos quais com idades superiores a 60 anos, os utentes a necessitar desta intervenção.
O parlamentar considera, neste seguimento, que “o SESARAM nunca deu uma boa resposta à questão dos acessos vasculares” e que a Madeira representa, por isso, “um dos piores cenários nesta matéria”.
Como exemplo apontou que existem “dezenas de doentes forçados a viver com catéteres venosos centrais no pescoço, com todos os inconvenientes, riscos e problemas” que tal acarreta.
“Acresce a este drama os custos mais elevados, uma vez que os cateteres são caros, têm de ser frequentemente substituídos e são mais propícios a infecções”, acrescentou.
Nuno Morna defendeu que “há soluções para eliminar esta tragédia, uma vez que o país expõe excelentes profissionais com competência nesta área. Basta que os responsáveis políticos assim o queiram”.
Pelo PCP, Ricardo Lume, questionou se este era um problema político ou um problema clínico?
“Isto é o resultado de uma política que mudou em meados do início da primeira década deste século (...). Sim é uma questão política”, reforçou Nuno Morna.
“Secretário da Saúde mente de forma descarada”
Em matéria de saúde, o socialista Victor Freitas recordou também as listas de espera existentes na Região. “Os números que existem em matéria de saúde são opacos na Região”, atirou.
O deputado do PS na Assembleia Regional afirmou ainda que “o secretário da Saúde mente de forma descarada”.
Na mesma linha, Élvio Sousa (JPP) referiu em 2018 integravam as listas de espera para consulta 44 especialidades, que “foram apagadas”, passando a 15 especialidades em 2022.
Doentes oncológicos sem medicação
Numa outra nota, o deputado do JPP sublinhou que “o Hospital Dr. Nélio Mendonça deixa doentes oncológicos três semanas sem medicação”.
Roberto Almada, do BE, também fez eco da falta de medicação para os doentes oncológicos, adiantando que irá votar favoravelmente a iniciativa em apreço.
A propósito do projecto de resolução da IL “fica claro que esta alteração de procedimentos garantia um menor sofrimento dos doentes com problemas renais”, sustentou.
“Tudo o que seja para melhorar a qualidade de vida dos doentes deve ser aprovado por este parlamento”, reiterou o deputado bloquista.
Pelo PSD, Rubina Leal salientou o empenho dos profissionais de saúde da RAM na área da nefrologia, os 9 milhões investidos pelo Governo Regional da Madeira no Programa de Recuperação de Cirurgias ou a contratação de um cirurgião vascular para realizar as cirurgias destinadas à construção de acessos vasculares, em 2023, entre outras medidas.
"Reconhecemos que há um caminho a percorrer. São 256 doentes que têm insuficiência renal crónica na Região", rematou.
Em resposta, Nuno Morna disse que "a contratação de um profissional para realizar este procedimento, não significa que o mesmo seja feito com qualidade", ilustrando com um caso particular.