Grupo mafioso 'Ndrangheta interessado no negócio do fentanil
O grupo de crime organizado italiano 'Ndrangheta, um dos mais poderosos no mundo e que atua no tráfico de drogas, interessou-se pela rentabilidade da droga sintética fentanil, alertou hoje o Governo, com base em relatórios dos serviços secretos.
"A nossa inteligência indica uma certa preparação por parte das organizações criminosas italianas, em particular a 'Ndrangheta, para receber esta substância, embora neste momento ainda estejam a testar o mercado para verificar a sua rentabilidade", frisou secretário-adjunto do Governo italiano, Alfredo Mantovano, Alfredo Mantovano.
A Itália lançou hoje um "Plano Nacional de Prevenção contra o uso indevido de fentanil e outros opiáceos sintéticos" porque, embora ainda não haja uma emergência na Europa como nos Estados Unidos, o país quer estar preparado para dar resposta.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, sublinhou, em comunicado, o seu orgulho, porque a Itália é um dos primeiros estados europeus, depois da Suécia, a adotar um plano contra este poderoso opiáceo sintético, responsável por dezenas de milhares de mortes todos os anos nos Estados Unidos.
Mantovano, braço direito de Meloni, explicou que embora o consumo desta substância ainda não seja preocupante na Itália, já foram detetados alguns casos no país.
Em novembro de 2023, um homem foi detido na cidade de Piacenza (norte) por intermediar o mercado de fentanil entre a China e os Estados Unidos e foram apreendidas quase 100 mil doses, que estavam escondidas entre as páginas de livros.
O secretário-adjunto do Governo italiano destacou que a aposta passa pela intensificação dos controlos e investigações policiais, também face ao possível interesse da 'Ndrangheta, a máfia mais poderosa da Europa, que fatura mais de 30 mil milhões de euros por ano com negócios ilegais como as drogas.
O plano italiano contra o fentanil prevê o reforço dos controlos sobre a disseminação e fornecimento da substância, bem como a implementação de sistemas de alarme fortes em caso de prescrições ou prescrições anormais e cursos de formação entre profissionais de saúde e professores para detetar qualquer foco de consumo.
As autoridades italianas pretendem também fornecer medicamentos que combatam os efeitos nocivos do fentanil, como a naloxona, um antagonista dos recetores opiáceos.
"É importante ter um plano de prevenção para garantir que sempre que for detetado um aumento da circulação em Itália, possamos enfrentar melhor o problema", realçou o ministro da Saúde, Orazio Schillaci, na mesma conferência de imprensa.