Derrotas e vitórias
Reconduzindo ao nível regional os resultados eleitorais de 10 de março, a oportunidade é de imensa reflexão: o tempo é o de pensar antes de agir e toda a precipitação poderá revelar-se desastrosa.
A tentação imediata será a de atribuir vitórias e derrotas.
Começando pelas derrotas, a mais clamorosa é, sem apelo nem agravo, a do PS-M e do seu líder Paulo Cafôfo.
Tinha tudo para capitalizar o desaire de credibilidade que, à conta da mediatização da justiça, sofreu a liderança do PSD-M e toda a sucessão de trapalhadas que se lhe sucederam; atrair os descontentes, convencer finalmente os descrentes de que existia uma alternativa de solução política regional, consistente e credível. O que apresentou – pasme-se! Uma lista encabeçada por si próprio (criando, desde logo, a confusão se aspirava a um lugar no parlamento da República ou se que queria ser efetivamente o líder do poder regional); secundada por um personagem dúbio que, nem sendo da terra, só se destacou por manobras, nem sempre bem sucedidas, de gabinetes autárquicos, governamentais e parlamentares, ou seja um “arrivista” mal conhecido e pior amado; e para compor o ramalhete, lançou uma senhora professora, iniludivelmente simpática mas na mesma medida, inócua já que, nem na sua própria origem conseguiu, até agora, captar votos.
Com esta lista adivinhava-se, facilmente, o desastre: menos 10281 votos e um deputado, sendo que o segundo ficou “pelas peles”. Fico convencido que o” verdinho de Gaula” faria muito melhor figura pelos interesses da Madeira do que a “ave de arribação” que nos trouxeram da Figueira da Foz”. Reforçando: uma calamidade que fragiliza qualquer ideia de que, em próximas eleições regionais, o PS-Madeira se apresente como uma alternativa credível para assumir o Governo Regional. A desculpa esfarrapada de que a derrota se deveu à má onda nacional é aquilo a que toda a gente de juízo chama: “uma grande treta”.
Resta ao Sr. Cafôfo uma única alternativa: demitir-se. Ao fazê-lo rapidamente proporcionará a possibilidade de se desenharem alternativas sérias de uma nova liderança que o PS-Madeira bem precisa e merece. Alternativas que se libertem, de vez, dos “apparatchiks” que dominaram o partido e tolhem o partido em todas as opções e direções que é necessário tomar para evoluir e, finalmente, se tornar uma alternativa séria. Outra opção será, perpetuarem-se os” profissionais da política” a desempenhar o velho papel dos “Velhos dos Marretas”.
A segunda derrota, ainda que pareça muito menos evidente, é a de Miguel Albuquerque: o PDM-M manteve, apesar do recente “terramoto” judicial, uma posição de liderança; obteve maior número de votos, embora tenha diminuído a sua percentagem, o que quer dizer que os anteriores abstencionistas foram para outras direções. A extrapolar-se o resultado destas eleições para a Assembleia Legislativa Regional, o PSD-M veria reduzidos os seus mandatos e teria uma eventual maioria parlamentar dependente do JPP. A não ser que quisesse juntar-se ao Chega. Será esta a melhor solução possível? Ou não será preferível a “refundação” do partido?
Quanto aos vitoriosos CHEGA? Esta será a vitória esperada? Resta saber qual é o espaço – que é imenso – que têm para a negociação!
João Cristiano Loja