Marcelo cúmplice do CHEGA?
Montenegro tem de agradecer ao PSD/Madeira os três deputados que lhe deram a vitória exigida para ser primeiro ministro. Teria acabado aqui o seu percurso partidário
Concluí este artigo no dia 4 de Março. Enviei a vários amigos que o contestaram, mas verificou-se uma leitura acertada da situação política. Também hesitei no JPP roubar um deputado ao PS, o que teria sido prémio merecido e mais um madeirense em Lisboa. Apenas o capítulo de Marcelo foi escrito ontem.
Vitória de Albuquerque e Coelho
É um resultado surpreendente como esperado. Um PSD na pior fase dos seus 50 anos de sucessivas vitórias com a bandeira da Autonomia. Ainda assim é o partido mais votado, mantendo os seus três deputados na Assembleia da República.
Os madeirenses estão gratos ao PSD/Madeira pela conquista da Autonomia, consolidação da democracia e cinco décadas de inesperado grande desenvolvimento.
Agora precisam ver mudanças que façam sentido e recuperem a confiança desgastada pelos recentes acontecimentos, leia-se, investigações.
Albuquerque leva vantagem. A “Singapura do Atlântico” precisa de uma liderança com mundo, inteligência e abertura mental. Somos uma Região com economia internacionalizada, vejamos o turismo e CINM, que precisa de uma visão e gestão moderna, evoluída, nada burocrática e descomplexada. Ainda assim, precisa levar a sério a candidatura de Manuel António e Alberto João.
Todos nós social-democratas desejamos um partido bem liderado para que tiremos o máximo proveito do próximo ciclo de desenvolvimento. Uma coisa é certa, chegados aqui, as eleições no PSD são primordiais para o futuro da Madeira.
Luís Montenegro ganhou por dois deputados. Exigia vencer para ser primeiro ministro. Sem os três deputados, eleitos pelo PSD Madeira, tinha perdido e acabado o seu percurso partidário.
Marcelo cúmplice do CHEGA?
Marcelo tem de ser justo. Os madeirenses não têm culpa de António Costa ter pedido a demissão, porventura de modo precipitado. É um problema dele e do PS.
O PSD acaba de ter uma boa vitória, com recorde de eleitores. Tem um governo em funções, sem maioria absoluta é certo, mas onde há disso? Não há nos Açores nem vai haver em Lisboa. Porque deve haver na Madeira? Confio na Iniciativa Liberal e no JPP para impedirem outra alternativa. Que, verdadeiramente, não existe após a derrota do PS.
O futuro é negociar apoios com quem tem votos, dinâmica e se renove. As pessoas estão cansadas de velharias nos lugares públicos. De jurássicos agarrados aos tachos.
Se Marcelo convocar eleições é por ser cúmplice do CHEGA e lhes querer dar espaço na Assembleia legislativa da Madeira. Ou, mesmo, metê-los no governo regional.
O PS acumula fracassos
O PS não se identifica com a Madeira. Desde a ocupação ilegal de um prédio no Funchal para sede partidária, à inclusão de Martins Júnior como “estrela política” e à não condenação dos julgamentos populares durante o PREC em Machico, foi sempre um partido comprometido com os exageros da revolução de Abril, imbecilmente distanciado das causas autonómicas. Era contra a zona franca. Na sua fundação, em Abril de 1973, acolheu convictos esquerdistas com vergonha social para integrarem o partido comunista. Feriram a autonomia com candidaturas eleitorais de oriundos do continente, sem poiso político. Jorge Campinos foi o cúmulo do absurdo ao liderar a lista socialista da Madeira nas primeiras eleições constitucionais livres.
Divididos internamente pela mediocridade da sua natureza, comportam-se sempre subordinados pelas divisões internas: Paulo não chupa Carlos, este não enxerga Iglésias, etc. Uma casa sem rei nem roque. A governação do país pelo PS durante a maioria dos últimos 20 anos condicionou a ação política de gente muito pouco autonomista. Nunca estiveram verdadeiramente do lado de cá. Trazem Pedro Nuno Santos e enfiam-no numa sala em Machico com duas centenas de militantes ortodoxos que não precisam ouvir nada para pularem de alegria. Esconderam dos madeirenses e, em particular, dos funchalenses o seu candidato a primeiro ministro.
O PS continua a não ser opção para os madeirenses.
O CHEGA tem votos
Sem dúvida, sendo preciso perceber se são votos de protesto, pela turbilhão política em que o PSD meteu a Madeira, ou, pelo contrário, se são novos devotos por uma forma radical de fazer política. Veremos o empenho autonómico, do deputado eleito, na defesa da Madeira.
IL próximo do PSD
Pode fazer uma boa parceria com o PSD. Aproxima-se da visão política do actual PSD, coisa que nunca aconteceu ao despedido CDS. Quem pode ter uma IL para que quer o defunto centrista. O futuro versus o passado, que ninguém quer recordar.
JPP é a prata da casa
Naturalmente vai crescendo. Quase roubava o segundo deputado do PS. Reúne descontentes com o poder regional que não se revêem nas incapacidades dos partidos com sede em Lisboa. Um movimento feito partido, sem dúvida regional, “made in Madeira”. Um pouco feito na mesma medida que o velho PPD. Primeiro o povo e a Madeira. Para continuar. Será certamente, no centro-esquerda, o rival do PSD, afastado que está o PS.
A ganância matou o CDS
Nunca foi sensato exigir demasiado quando somos a parte fraca. O CDS é a evidência de que se achava para além do que realmente representava. O sapinho que queria ser boi. A exigência em garantir, para os seus velhos dinossauros partidários, os principais cargos na hierarquia regional, colidia com aquilo que é prudente e acertado. Os militantes social democratas não suportavam as exigências e chantagem política de quem sempre foi oposição ao PSD e nada contribuía para a coligação. Uma candidatura regional conjunta retirou a maioria absoluta conseguida quando concorreram em separado. Nos 50 anos de autonomia foram mais adversários que parceiros. Com o CDS a eternizar a sua estrutura dirigente que combateu o PSD. Que o diga Alberto João. Só a chantagem de Rodrigues juntou PSD e CDS. Pelos vistos, não será ainda o tempo da renovação. José Manuel Rodrigues vai jogar uma última cartada para se manter no poleiro. Ganância. Alguém o viu na campanha?
Rui Barreto é um político sério. Mas não se conseguiu livrar dos donos do partido: José Manuel Rodrigues e Lopes da Fonseca. Muito deve ter sonhado durante a boleia dada por Miguel Albuquerque. Faltou-lhe a decisiva coragem para a limpeza da “velharia”.