Candidato europeu dos socialistas fala em "erro" por votos de contestação no Chega
O candidato principal do Partido Socialista Europeu às eleições europeias considera que a ascensão do Chega se deve à "insatisfação", principalmente dos jovens, pela falta de habitação acessível e baixos salários em Portugal, embora classificando-a como "um erro".
"O que é preocupante é, obviamente, o resultado muito forte para a extrema-direita e isto obriga-nos a ter um debate muito duro [...] porque, mais uma vez, compreendo que as pessoas estão infelizes e zangadas por muitas razões, mas, por outro lado, qual é o projeto da Chega?", questionou Nicolas Schmit, em entrevista à agência Lusa em Bruxelas.
Dois dias após as eleições legislativas em Portugal que deram vitória à Aliança Democrática (composta pelo PSD, CDS e PPM), o responsável ressalvou "o contexto geral desta eleição, de acusações [ao primeiro-ministro, António Costa] que, por enquanto, ainda não foram materializadas e provadas".
Afirmando "compreender perfeitamente" a contestação social em Portugal e relacionando-a com a ascensão da extrema-direita, Nicolas Schmit perguntou: "O que é que eles [Chega] têm? Acusam toda a gente de ser corrupta, mas qual é o seu projeto, o que é que querem mudar e quais são as suas políticas?".
"E isto aplica-se ao Chega, mas aplica-se a todos os outros partidos de extrema-direita, que, quando chegam ao poder, os direitos democráticos são reduzidos e não há um verdadeiro investimento em serviços sociais", assinalou o 'Spitzenkandidat' (candidato principal) dos socialistas europeus às eleições de junho próximo.
Para o responsável, "é um erro dos eleitores acreditarem que, ao votarem nestes partidos populistas, eles vão cumprir o que esperam, que é melhor estado social e melhor acesso à habitação, etc., [porque] não é esse o seu interesse".
"E não vemos em lado nenhum, onde eles estão no poder, que haja uma melhoria desse lado", reforçou nesta entrevista à Lusa em Bruxelas, cuja segunda parte será publicada na quarta-feira.
O também responsável pela tutela do Emprego e dos Direitos Sociais na Comissão Europeia admitiu que, em Portugal, "um dos maiores problemas é a habitação e os baixos salários".
"Apesar de o Governo português [do PS] nos últimos anos ter [...] aumentado o salário mínimo, os salários continuam a ser relativamente baixos, mas o que aumentou drasticamente foram as rendas e a habitação, o que cria uma grande quantidade de problemas, amargura e rancor entre os cidadãos e, em especial, entre os jovens", apontou ainda Nicolas Schmit.
Questionado sobre o que deve ser feito para o solucionar, o candidato principal do Partido Socialista Europeu destacou as medidas do Executivo de António Costa para habitação acessível, embora notando que "a crise da habitação, infelizmente, não pode ser resolvida em seis meses, isto leva anos".
Além disso, "o Governo tomou medidas para aumentar o salário mínimo, que ainda é relativamente baixo, e para aumentar também a negociação coletiva para ter melhores salários negociados, mas demora até que se consigam reduzir as lacunas e, ao mesmo tempo, os preços aumentaram drasticamente", referiu.
Já quanto ao futuro Governo em Portugal, que deverá ser de centro-direita, Nicolas Schmit adiantou que, "se começarem a parar os aumentos dos salários, se não investirem na habitação, se não tentarem controlar as rendas, serão muito rápidos e transformar-se em grandes problemas".
A Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).
A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.
Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontece no dia 20 de março. Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar, o Presidente da República indigitará o novo primeiro-ministro.
A Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).
A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.
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