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Movimento diz que o importante é saber se eleitas estão ao lado das mulheres

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Foto Shutterstock

O Movimento Democrático de Mulheres (MDM) considerou, na segunda-feira, que, mais do que o número de deputadas no parlamento, é importante perceber se as 76 eleitas no domingo estarão "ao lado das mulheres".

"O que nos importa é saber se as mulheres que foram eleitas estão do lado das mulheres ou do lado daqueles que, tradicionalmente e do ponto de vista ideológico, sempre foram contrários ao principio da igualdade", disse à Lusa Sandra Benfica, da direção do movimento.

O parlamento português terá menos deputadas na próxima legislatura, depois de terem sido eleitas, nas legislativas de domingo, 76 mulheres, que vão ocupar 33,6% dos 226 mandatos atribuídos no território nacional.

Depois de a lei da paridade ter sido revista em 2019, passando a fixar em 40% a percentagem mínima de cada um dos sexos nas listas eleitorais, os resultados já tinham ficado aquém em 2022, quando as 85 eleitas representavam 37,0% do parlamento.

Em reação aos resultados conhecidos na noite de domingo, Sandra Benfica considerou que o fundamental "não é a questão da paridade, mas do exercício concreto das responsabilidades" e a defesa, ou não, de políticas favoráveis aos direitos das mulheres.

"Lembro-me bem que tínhamos um conjunto muito alargado de mulheres no parlamento que se levantaram e propuseram o recuo de uma lei que significou uma alteração civilizacional ao nível dos direitos das mulheres no nosso país", recordou para justificar, referindo-se a um projeto de lei do PSD e do CDS-PP, apresentado em 2015, relativo à interrupção voluntária da gravidez.

Por isso, admitiu estar preocupada, sobretudo, com o crescimento do Chega, partido de extrema-direita, que elegeu 48 deputados, quadruplicando a representação na Assembleia da República em relação às eleições anteriores.

"Sei que hoje só se fala de direitos das mulheres em Portugal porque abril permitiu. Não, não estamos tranquilas, porque também sabemos que o resultado destas eleições é produto de uma grande insatisfação", disse Sandra Benfica.

A Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).

A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.

Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontece no dia 20 de março. Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar, o Presidente da República indigitará o novo primeiro-ministro.