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O P(N)S não vai à bola com os médicos…

Nota introdutória: Escrevo este texto no dia 5 de março, pelo que não sei quem venceu as eleições legislativas.

Como qualquer eleitor que queira votar conscientemente, li os programas e propostas de alguns dos partidos que pretendem ter assento parlamentar. Ao ler o programa do Partido Socialista, deparo-me com curioso ponto 2, “Um serviço Nacional de Saúde universal, forte e resiliente”… Ora, neste ponto (mais propriamente no 2.1) podemos ler que o PS pretende: “Avaliar a possibilidade de introdução de um tempo mínimo de dedicação ao SNS pelos profissionais de saúde, nomeadamente médicos, na sequência do período de especialização” e “avaliar a possibilidade de introdução de um quadro de compensações, pelo investimento público do país na sua formação, por parte de médicos que pretendam emigrar ou ingressar no setor privado”.

O PS vive numa ideia delirante! E quer fazer com que este delírio também seja vivido pelo povo! Como uma Folie à deux*… o PS quer que os médicos, assim que terminem a sua especialização, fiquem obrigatoriamente vinculados ao SNS por um período mínimo qualquer… e, se esses canalhas de bata branca decidirem ir para o privado ou para o estrangeiro, terão que pagar uma indemnização ao Estado pela sua formação.

O PS está embebido na ilusão de que os médicos devem alguma coisa ao Estado pela sua formação médica… o que é falso! Os 6 anos de faculdade são pagos pelo futuro médico. Os médicos já têm um período de dedicação obrigatória ao SNS, chamado Internato de Formação Geral e Específica. Só em horas de trabalho extraordinárias não pagas, cada médico paga mais do que a sua formação completa… E nem vou abordar os cursos pagos pelos próprios médicos, para complemento da sua formação especializada…

Se ainda fizessem como na Madeira, onde é atribuído um bónus salarial aos médicos que decidam realizar o internato na região, em troca de 5 anos, como especialista, no SRS (caso não fiquem esse tempo, tem que devolver o bónus por completo) … tudo bem. Assim haveria incentivo à permanência no setor público da saúde, e não afastamento.

O PS, agora de Pedro Nuno Santos, não vai à bola com os médicos há demasiado tempo! Não é a primeira vez que propõe medidas semelhantes… O PS continua fixado em defender políticas e propostas de discriminação da classe médica, em nome de um fanatismo e cegueira ideológica.

O estado não paga a formação aos médicos. Os médicos não devem nada ao estado. São propostas como estas que fazem os médicos abandonar o SNS, e Portugal.

* Folie à deux, também conhecido por “delírio a dois”, é uma síndrome onde há a transferência de delírios psicóticos de uma pessoa doente para uma pessoa aparentemente saudável