Tropas francesas não são precisas enquanto ucranianas aguentarem
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse hoje que, "enquanto a Ucrânia aguentar, o Exército francês pode permanecer em território francês", apelando porém para o envio de pessoal técnico para a coprodução de canhões Caesar e formação.
"Os vossos filhos não vão morrer na Ucrânia", afirmou o Presidente ucraniano em entrevista ao canal de televisão BFMTV e ao jornal Le Monde, na qual também observou que o avanço da Rússia foi interrompido" e que "a situação está muito melhor do que nos últimos três meses" na frente de combate.
[O avanço russo] "continuou no leste do país, agora o nosso comando, os nossos soldados detiveram-no", disse o líder ucraniano.
As palavras de Zelensky surgem na sequência das declarações do Presidente francês, Emmanuel Macron, que, no final de fevereiro, admitiu o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia, possibilidade rejeitada pelos principais estados-membros da NATO, incluindo Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha.
Mais tarde, as autoridades francesas procuraram clarificar os comentários de Macron e atenuar as reações adversas, insistindo na necessidade de enviar um sinal claro à Rússia de que não pode vencer a guerra contra a Ucrânia, após a sua invasão em fevereiro em 2022.
Foi então admitida a possibilidade do envio de instrutores militares sem envolvimento em combates com a Rússia.
Nesse sentido, na entrevista aos órgãos franceses, Volodymyr Zelensky apelou para o envio de "pessoal técnico" para a "coprodução" dos canhões Caesar franceses ou dos tanques Leopard alemães e para formação.
"Mas se Putin conseguir atacar outro país da NATO, bem, serão os países da NATO que terão de decidir como, em que quantidade, o seu exército deve ser enviado ou não", declarou.
Segundo Zelensky, o Presidente francês pretende que "a Ucrânia não se encontre sozinha" e defende a criação de "uma espécie de união em torno da Ucrânia", não vendo "nenhum risco nisso".
O Kremlin, por sua vez, já condenou a possibilidade da presença de tropas estrangeiras na Ucrânia e alertou que significaria "cruzar uma linha perigosa" que poderia levar a "consequências indesejáveis".
Na semana passada, junto do Presidente checo, Petr Pavel, um antigo general da NATO também favorável à presença de forças ocidentais na Ucrânia, Emmanuel Macron voltou ao assunto.
O chefe de estado francês considerou necessário abalar os aliados de Kiev, aos quais apelou para "não serem cobardes" face a uma Rússia "imparável", assegurando que assume a responsabilidade pelas suas observações controversas.
Macron disse que não precisa explicar todos os dias os limites face ao Presidente russo, Vladimir Putin, alertando que, de contrário, "o espírito de derrota está à espreita" e que o momento exige "clareza" das palavras e "abalar" os aliados se necessário.
A discussão entre os aliados de Kiev surge numa fase em que a Ucrânia enfrenta dificuldades de armamento e de munições em conter os avanços russos no leste do país.
Face aos desenvolvimentos militares e otimismo de Moscovo, os parceiros da Ucrânia têm intensificado a ajuda militar à Ucrânia, incluindo uma iniciativa internacional liderada pela República Checa de reunir 800 mil projeteis através de aquisições conjuntas, quando o Congresso norte-americano mantém bloqueado um pacote de apoio de mais de 50 mil milhões de euros, devido à oposição da ala radical republicana em ano eleitoral nos Estados Unidos.