Mau tempo deixa 55 mil famílias e empresas no norte de Moçambique sem electricidade
Cerca de 55 mil famílias, instituições e empresas de Cabo Delgado e Nampula, norte de Moçambique, estão sem energia elétrica devido à queda de dezenas de postes da rede de transporte, provocada pela chuva e ventos fortes.
Em comunicado divulgado hoje, a empresa Eletricidade de Moçambique (EDM) explica que "a chuva e os ventos fortes que se fazem sentir na região norte" do país "estão a criar danos no sistema elétrico, com registo de situações de queda de postes, rompimento de cabos elétricos, interrupção no fornecimento de energia elétrica".
A mesma informação refere que neste momento, na província de Cabo Delgado, 4.256 clientes dos postos administrativos de Namapa, Ocua e Alua "estão desprovidos de corrente elétrica, devido à queda de 39 postes na zona de Nacivare", no distrito de Chiúre.
Já na província de Nampula há registo de queda de duas torres torres de média tensão, na zona do cemitério Velho Faina, deixando sem energia 50.600 clientes dos distritos de Ribauè, Murrupula e Mecuburi, e no Bairro Marere.
"As equipas técnicas da EDM estão no terreno e em prontidão, intervindo na rede para uma reposição gradual do sistema. Entretanto, as condições atmosféricas e a inacessibilidade de alguns locais têm sido grandes obstáculos, influenciando a demora nos trabalhos de reposição do sistema elétrico", explica a empresa.
Noutra região do país, os serviços meteorológicos moçambicanos alertaram hoje que a formação de uma tempestade tropical severa, prevendo que atinja centro e sul do país com rajadas até 120 quilómetros por hora (km/h) e chuvas muito fortes.
"Segundo as projeções atuais, o sistema continuará a evoluir e atingir o estágio de tempestade tropical severa condicionando o estado do tempo com chuvas muito fortes, vento máximo de 85 km/h e rajadas até 120 km/h (...) nas próximas 48 horas", de acordo com um comunicado do Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) moçambicano.
O aviso vermelho em vigor, decretado no domingo, aplica-se agora às províncias de Inhambane (sul) e Sofala e Zambézia (centro).
No caso de Sofala, nos distritos de Machanga, Chibabava e Buzi, a previsão aponta para a queda de chuva equivalente a 200 mm/24h, trovoadas, ventos fortes e rajadas até 120 km/h.
"A perturbação tropical poderá evoluir nas próximas horas para o estágio de tempestade tropical moderada, fazendo a aproximação à costa do nosso país pelas províncias de Sofala e Inhambane", indicou o Inam na previsão para as próximas horas, antes da passagem ao estado de tempestade tropical severa.
"Face à ocorrência de ventos fontes, trovoadas e chuvas muito fontes, recomenda-se a tomada de medidas de precaução e segurança", alertou.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.
Já no primeiro trimestre do ano passado, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram no país mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, segundo dados oficiais do Governo.
No final de setembro, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, apelou para a preparação da população e das entidades para os previsíveis efeitos do fenómeno 'El Niño' no país nos meses seguintes, com previsões de chuvas acima do normal e focos de seca.
"A história repete-se. Então, temos de criar condições de resiliência. Nesse sentido, o Governo emitirá avisos regulares para manter a população informada e preparada para as condições climáticas que podem não ser favoráveis à vida, à produção ou às infraestruturas", afirmou.