Bandeira da Suécia hasteada em Bruxelas consolida país como 32.º membro da aliança
A bandeira nacional da Suécia foi hasteada hoje na sede da NATO, consolidando o país como o 32.º membro da aliança, dois anos depois da invasão da Ucrânia pela Rússia ter mudado a estratégia militar do Estado nórdico.
Sob uma chuva constante, o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, observaram dois soldados a erguer a bandeira azul estampada com uma cruz amarela entre o círculo oficial de bandeiras nacionais da organização com sede em Bruxelas, Bélgica.
"Somos humildes, mas também temos orgulho. Sabemos que as expectativas para a Suécia são altas, mas também temos grandes expectativas para nós próprios", disse Kristersson aos jornalistas minutos antes da cerimónia.
"Partilharemos fardos, responsabilidades e riscos com os nossos aliados", garantiu.
A participação da Suécia na NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a maior organização de segurança do mundo, traz para o seio da aliança forças armadas bem treinadas e equipadas.
O país tem trabalhado em estreita parceria com a NATO durante exercícios militares ao longo dos anos, sobretudo desde o início da invasão russa da Ucrânia, e cumpre a meta de gastos com defesa estabelecida, que é de investir 2% do Produto Interno Bruto (PIB).
A adesão da Suécia completa um anel estratégico do território da NATO em torno do Mar Báltico. O país beneficia agora da garantia de segurança coletiva da aliança através do Artigo 5º. do tratado, que expressa que os países signatários concordam que um ataque armado contra um ou vários desses países será considerado um ataque a todos.
A cerimónia de hasteamento da bandeira aconteceu no momento em que 20.000 soldados de 13 países iniciaram exercícios da NATO no extremo norte da Suécia e dos vizinhos Finlândia e Noruega.
O exercício nos países nórdicos faz parte de uma operação mais ampla, chamada "Steadfast Defender 24", a maior da NATO nas últimas décadas, na qual cerca de 90.000 soldados participam durante vários meses.
O objetivo é mostrar a qualquer adversário que a aliança pode defender todo o seu território, desde a América do Norte até às fronteiras com a Rússia.
Jens Stoltenberg assegurou hoje, no entanto, que a NATO não tem planos para expandir o número de aliados que possuem armas nucleares nem para colocar um batalhão na Suécia, como os que mantém nos países bálticos.
A Suécia rompeu com décadas de neutralidade pós-II Guerra Mundial quando aderiu formalmente à NATO na quinta-feira passada.
A sua vizinha Finlândia já tinha aderido em abril de 2023 num outro movimento histórico que pôs fim a anos de não-alinhamento militar.
O Ministério da Defesa da Finlândia deu as boas-vindas aos "irmãos e irmãs de armas" na rede social X (antigo Twitter), considerando que "começa agora uma nova era".
"Estamos juntos e com outros aliados na paz, na crise e mais além", referiu a mensagem finlandesa
A decisão do Presidente russo, Vladimir Putin, de ordenar a entrada de tropas russas na Ucrânia, em fevereiro de 2022, desencadeou uma reviravolta na opinião pública dos dois países nórdicos e, no espaço de três meses, ambos se afastaram da sua tradicional postura de neutralidade e candidataram-se à adesão na Aliança Atlântica.
Putin afirmou ter lançado a guerra, pelo menos em parte, para travar a expansão da NATO para leste, em direção à Rússia, mas a operação resultou num aumento das fileiras da aliança, sendo que os líderes da organização já prometeram que a própria Ucrânia irá aderir um dia, embora não enquanto o conflito persistir.
"Quando o Presidente Putin lançou a sua invasão em grande escala há dois anos, queria menos NATO e mais controlo sobre os seus vizinhos. Queria destruir a Ucrânia como Estado soberano, mas falhou", disse Stoltenberg.
"A NATO é agora maior e mais forte e a Ucrânia está mais próxima do que nunca. E, enquanto os corajosos ucranianos continuarem a lutar pela sua liberdade, estaremos do seu lado", concluiu.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).