DNOTICIAS.PT
Artigos

O Poder Político e o Desporto

O desporto é um setor diferenciado pelo poder político em Portugal.

Nos programas eleitorais, existe pouco espaço dedicado ao desporto. Nos debates, foi inexistente essa discussão. Na próxima legislatura, é primordial dar a conhecer e avançar com certos eixos que são ambicionados há muitos anos pelo setor, tais como a constituição de um Ministério do Desporto ou a atribuição de maior preponderância à Educação Física, entre muitas outras reivindicações.

A criação do Ministério do Desporto há muito que é desejada, ao invés da secretaria de estado partilhada com quem tutela a da juventude. Além de fornecer uma direção estratégica, esta conceção é vital para uma maior autonomia, poder decisório, orçamento e abrangência. Traduzindo-se na implementação de reformas estruturais e no desenvolvimento do setor. Portugal ainda é dos poucos países da União Europeia que não tem formado um ministério neste domínio. O desporto não pode ser considerado uma subdivisão, pois é uma macro área, de ampla atuação e com necessidades de gestão e de um foco especializado. Além disso, terá influência significativa na cultura desportiva e um impacto direto no movimento associativo.

A disciplina de Educação Física ainda não tem o nível ideal de importância no currículo escolar que devia ter, sobretudo porque a carga horária semanal é reduzida para as crianças e adolescentes, em comparação com o número de horas mínimas de atividade física recomendadas (180 minutos) pela OMS. Por exemplo, desde o 2.º ciclo até ao ensino secundário estão estabelecidos 150 minutos por semana. No mínimo, é de propor a fixação dos 50 para os 60 minutos de aula, três dias por semana, nos ensinos básico e secundário. Seria uma mudança significativa com vista aos comportamentos fisicamente desejados e ao maior envolvimento nas atividades físicas e desportivas. Uma medida que promove o combate à insuficiência da literacia desportiva nacional, provocada pela privação da aposta do desporto nos diferentes níveis educativos.

Outras considerações são: a reabilitação e modernização de instalações e equipamentos desportivos (é uma das ferramentas de preparação das condições de crescimento para os resultados absolutos, olímpicos e paralímpicos; bem como do turismo desportivo, relacionando-o com o reconhecimento internacional do país como um destino excecional para a preparação desportiva de atletas de diferentes modalidades, atraindo a captação de eventos desportivos internacionais de igual modo); o impacto ambiental do desporto; o investimento na formação e valorização do corpo docente de Educação Física; a dinamização do desporto escolar e maior articulação com os clubes; a prevenção e o tratamento da obesidade e excesso de peso; a alteração do estado de subfinanciamento público no setor desportivo; e a revisão do modelo de financiamento.

Em referência à promoção e ao apoio do desporto de formação, amador, profissional e de alto rendimento carecem de maior sinergia e execução entre o setor público e privado, por intermédio do estabelecimento de parcerias público-privadas, apostando na relação win-win.

O setor do desporto tem impacto em várias esferas, relacionando-se com a educação, saúde, cultura, turismo, economia, meio ambiente, relações internacionais, etc. Portanto, é urgente ser alvo de domínio prioritário e reconhecimento governamental para maximizar a magnitude do setor.

Qual será a posição e a dimensão do desporto na orgânica do novo Governo? É um item a que convém estar atento.