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Pedro Nuno desafia Montenegro a esclarecer se quer cortar subsídio de desemprego

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O secretário-geral do PS desafiou hoje o líder do PSD a esclarecer se quer cortar o subsídio de desemprego, acusando-o de ser igual a Passos Coelho e de oferecer um "regresso ao passado".

Num discurso no pavilhão do Núcleo Empresarial da Região da Guarda (NERGA), Pedro Nuno Santos abordou declarações de Luís Montenegro, na quinta-feira, de que não aceita um "país em que muita gente que trabalha tem menos dinheiro do que muita gente que não trabalha".

"Aquilo que ouvimos ontem [quinta-feira] do líder do PSD foi um regresso ao passado, colocar portugueses contra portugueses: portugueses que têm emprego contra portugueses que não têm emprego", considerou Pedro Nuno Santos.

O líder socialista defendeu que Montenegro tem de explicar o que queria dizer e afirmou que o subsidio de desemprego "não é um favor do Estado a quem está desempregado, é um direito conquistado enquanto se trabalha".

"Todos os trabalhadores descontam para ter proteção social, o subsídio de desemprego é uma prestação contributiva, isto é: resulta das contribuições que todos os meses os trabalhadores e os seus patrões vão fazendo", sublinhou.

Essas contribuições, prosseguiu, servem para "dar segurança a cada trabalhador que, caindo numa situação de desemprego, tenha uma proteção para não cair no chão".

"E, portanto, era muito importante que o líder do PSD clarificasse o que quis dizer com a declaração que fez. (...) Clarifique o quis dizer, porque pode estar em causa também um regresso ao tempo em que eles defendiam a revisão em baixa das prestações contributivas onde estava também o subsídio de desemprego", sublinhou.

Neste discurso, Pedro Nuno Santos insistiu na ideia de que, quando a Aliança Democrática (AD) fala de mudança, quer "regressar ao passado", contrapondo o projeto do PS, que disse ter "o futuro na cabeça e no coração".

Salientando que a presença de Pedro Passos Coelho na campanha da AD "foi muito importante para avivar a memória", Pedro Nuno Santos defendeu que "não há uma verdadeira distinção" entre Luís Montenegro e o antigo primeiro-ministro social-democrata.

"Eles são duas faces da mesma moeda. Um era primeiro-ministro e o outro era o líder parlamentar do período mais negro dos mais velhos, dos reformados e dos pensionistas em Portugal", afirmou.

Além de referir que, durante o período da 'troika', os cortes nas pensões só não se tornaram permanentes porque o Tribunal Constitucional não deixou, Pedro Nuno Santos voltou também a abordar as declarações de Paulo Núncio sobre o aborto e de Eduardo Oliveira e Sousa sobre os agricultores e as alterações climáticas para insistir que a "mudança deles é regressar ao passado, não é avançar".

"Da AD, não vem mudança para melhor, não vem mudança para o futuro, cada vez que os ouvimos falar é de um regresso ao passado aonde nós não queremos voltar", afirmou, com alguns militantes na sala a gritarem "não passarão".

Num dia em que o antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso discursou num comício da AD, Pedro Nuno Santos recuou ao tempo em que este foi primeiro-ministro, entre 2002 e 2004, para o acusar de ter empobrecido o país.

Segundo o líder socialista, entre 2002 e 2004, "a taxa de risco de pobreza após transferências sociais subiu de 19% para 19,4%", enquanto que, quando o PS assumiu funções em 2005, essa taxa baixou de 18,5% para 18%.

"Em 2011, regressaram eles e a taxa de risco de pobreza aumentou. Em 2016, voltámos e, até 2023, ela baixou de 18,3% para 17%. A pobreza, com eles, sobe. Connosco, a pobreza desce", afirmou, provocando um aplauso na sala.

Esta quinta-feira, num comício em Ourém, Luís Montenegro recusou a acusação do PS de que o projeto de descida de impostos da candidatura da AD represente uma aventura.

"Quando dizemos que baixamos os impostos queremos dizer duas coisas: às pessoas que trabalham, que vale a pena trabalhar. Não aceito um país em que muita gente que trabalha tem menos dinheiro do que muita gente que não trabalha", disse, recolhendo um grande aplauso na sala.

O líder do PSD salientou que, com esta afirmação, não quer dizer que um Governo que possa liderar vai tirar a quem não trabalha "porque está mais vulnerável ou porque não consegue".

"O que quero dizer é que, se damos esta solidariedade a quem não está a trabalhar, temos de a dar a quem trabalha e quem trabalha não pode perder tanto do seu rendimento. É por isso que queremos baixar os impostos", explicou.

Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República.

A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.