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Que a memória não se desfaça no tempo

Numa sociedade que se quer mais tolerante e inclusiva há que combater a discriminação

No ano em que se comemora os cinquenta anos do 25 de abril, o país está confrontado com o cenário de três atos eleitorais, nas regiões autónomas e a nível nacional. Depois dos Açores, é já no próximo dia dez de março a eleição para a Assembleia da República e muito provavelmente até o final do primeiro semestre do corrente ano, novo ato eleitoral para a Assembleia Legislativa Regional da Madeira, num claro exercício de democracia como valor fundamental a defender e a preservar.

Os atos eleitorais ocorrem num contexto de liberdade e democracia em que os cidadãos devem empenhadamente participar, assim como dinamizar as comemorações que decorrem este ano no âmbito dos 50 anos do 25 de abril que assinalam a transição para a liberdade e para a democracia, através de um golpe militar liderado pelo Movimento das Forças Armadas.

Nunca é demais recordar que os quarenta e oito anos de ditadura se caracterizaram por um poder concentrado nas mãos de um único partido, assente na censura, sem liberdade de imprensa, cuja oposição ao regime era duramente reprimida com prisões políticas, tortura e exílio, numa sociedade privada de liberdade de expressão, de associação e de reunião. O país era pobre, com uma economia centralizada, corporativa, protecionista, com uma guerra com as ex-colónias entre os anos de 1961 a 1974. O País era pouco industrializado com poucas oportunidades de educação e trabalho, onde a maioria da população era pobre, de cariz rural, com grandes desigualdades sociais num contexto em que muitos portugueses tiveram de emigrar.

Volvidos cinquenta anos do 25 de abril os responsáveis políticos enfrentam nos próximos atos eleitorais novos desafios em que é necessário criar e agilizar condições de forma que o país tenha uma democracia consolidada e participativa onde todos os cidadãos tenham igualdade de oportunidades no acesso aos direitos essenciais como a saúde, a educação, a habitação, e a uma justiça eficaz.

Numa sociedade que se quer mais tolerante e inclusiva há que combater a discriminação, valorizar o trabalho e o trabalhador, promover a diversidade e a cooperação internacional.

É imprescindível que os novos executivos enfrentem os desafios do envelhecimento da população, combatam as desigualdades sociais e económicas, enfrentem as mudanças climáticas e a falta de competitividade da economia portuguesa. É possível adotar um modelo de desenvolvimento mais sustentável investindo na educação e na formação dos cidadãos. É urgente combater a pobreza e a exclusão social, proteger o ambiente e promover a sustentabilidade, o governo que resultar do próximo ato eleitoral tem de ter a capacidade para responder aos desafios que o país e a Europa colocam.