Montenegro em defesa de Oliveira e Sousa diz que há "zonas de fanatismo ambiental"
O presidente do PSD saiu hoje em defesa do cabeça de lista da AD por Santarém, Eduardo Oliveira e Sousa, e considerou que "há zonas de fanatismo ambiental" que têm bloqueado projetos de investimento em Portugal.
Luís Montenegro falou aos jornalistas no fim de uma visita ao Centro de Arte Oliva, em São João da Madeira, no distrito de Aveiro, e foi questionado hoje pela segunda vez sobre as declarações do antigo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), num jantar-comício da Aliança Democrática (AD) na quinta-feira.
Interrogado sobre quais são as "falsas razões de ordem climática" que, segundo Eduardo Oliveira e Sousa, estão a impedir novas investimentos, o presidente do PSD declarou: "Nós todos sabemos que há zonas de fanatismo ambiental que muitas vezes têm frustrado projetos de investimento agrícola, florestal, turístico, etc.".
"[O discurso do cabeça de lista por Santarém] foi também um alerta para esse desequilíbrio entre os valores que devem estar equilibrados. Estamos muito à vontade. Deixem-me dizer-vos: estamos muito satisfeitos mesmo por estarmos a discutir nesta campanha estes assuntos, porque é importante", acrescentou.
Desafiado a dar exemplos de "zonas de fanatismo ambiental", Luís Montenegro respondeu: "Não viram a lata que me entornaram de tinta, esta semana? Está aí uma boa expressão de fanatismo".
Os jornalistas insistiram para que apontasse casos de investimentos perdidos e o presidente do PSD retorquiu: "Ó meus caros amigos, vamos ver se nós nos entendemos. Há muitos processos de investimento em Portugal que estão bloqueados por razões ambientais -- muitas vezes de forma justificada, outras vezes sem essa justificação".
"Quem não olhar para isto e quem não quiser uma resposta dos poderes públicos não quer governar o país", defendeu.
Na mesma ocasião, Montenegro foi questionado sobre a indisponibilidade manifestada hoje pela procuradora-geral da República, Lucília Gago, para se manter no cargo após o fim do seu mandato, que termina em outubro deste ano.
"Como compreenderão, não é agora a dez dias das eleições que vou fazer comentários sobre o mandato da procuradora-geral da República, não tenho nenhum comentário a fazer", disse o presidente do PSD, que recusou igualmente comentar a opinião de Lucília Gago de que há "múltiplas forças" a atacar o Ministério Público.
Luís Montenegro também não quis comentar a intenção do presidente do Governo Regional da Madeira e líder da estrutura regional do PSD, Miguel Albuquerque, de não abandonar a presidência da Mesa do Congresso Nacional do partido, apesar da sua condição de arguido.
"Foi uma decisão do Congresso", referiu apenas Luís Montenegro, acrescentando, quanto ao futuro, que nem se sabe ainda quando será a próxima reunião magna do PSD.
O presidente do PSD evitou responder se mantém a confiança no líder madeirense, preferindo, "com o devido respeito", falar do tema que o trazia ao Centro de Arte Oliva, a cultura.
Hoje de manhã, na Guarda, confrontado com as declarações de Eduardo Oliveira e Sousa, Luís Montenegro desvalorizou as diferenças de opinião dentro da AD e afirmou que é ele quem define o rumo.
Hoje à tarde, a comunicação social retomou o assunto, a propósito de críticas do presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha.
"Eu vejo que está toda a gente a seguir com muito interesse a campanha da AD e que todas as declarações públicas dos seus candidatos, a começar por mim e por todos os que me acompanham motivam reação, motivam comentário, o que é bom, que é para nós falarmos das coisas concretas", reagiu Montenegro.
"Então vamos a esse assunto em concreto. Aquilo que o candidato cabeça de lista disse em Santarém corresponde àquilo que nós temos dito em todo o lado", acrescentou.
Ressalvando que na AD estão "absolutamente comprometidos com todas as metas do ponto de vista energético e ambiental que Portugal tem para os próximos anos", Montenegro reiterou a ideia de que "tem de haver equilíbrio entre a preservação da biodiversidade, entre tudo aquilo que é a salvaguarda dos ecossistemas com a vida das pessoas, com a vida do país".