Greve mostra "politização" dos sindicatos e só acontece por CGD ser "banco do Estado"
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) afirma que a greve de hoje mostra a "politização" das estruturas sindicais, considerando que só acontece por se tratar do banco do Estado, segundo comunicado divulgado pela instituição.
"A CGD lamenta que os sindicatos tenham decidido realizar uma greve em pleno período negocial, quando a Caixa aprovou, para todos os colaboradores no ativo, pré-reformados e reformados, uma atualização salarial média de 3,25%, como antecipação da revisão que vier a ser acordada nos processos negociais que, reforçamos, estão em curso", realçou.
Para o banco liderado por Paulo Macedo, "convocada para um dia em que o país está em plena campanha eleitoral, esta greve demonstra a politização por parte das estruturas sindicais", apontou o banco público, lamentando que aconteça "no decurso normal de um processo negocial, e após a realização de apenas três reuniões negociais, nas quais a CGD melhorou a sua proposta e encontrava-se a aguardar nova proposta dos sindicatos".
"Quando as propostas conhecidas são de 2,5% (Crédito Agrícola), 2,125% (Millennium bcp) e 2% (Santander, NB, BPI, Montepio, Barclays e BBVA, entre outros)", os sindicatos "entenderam desvalorizar as negociações através de um pré-aviso de greve que só acontece na Caixa, prejudicando apenas os clientes do banco do Estado", lamentou.
"O caminho feito pela Caixa nos últimos anos consolidou as condições para que tenhamos hoje uma CGD relevante no setor bancário nacional, com uma saúde financeira que é ímpar neste século", garantiu.
Segundo a CGD, a sua melhoria da rentabilidade "perspetiva o pagamento integral da recapitalização, que foi alvo no ano de 2017, a muito breve prazo" e permite, assegurou, "ter uma tabela salarial que é cerca de 20% superior à do setor e ter uma remuneração bruta total mensal mínima de 1.519 euros, e média de 2.717 euros".
O banco apontou ainda os jovens, que "tiveram as bolsas mais baixas aumentadas em 7,8%", adiantando que "um estagiário, com o novo subsídio de refeição, recebe entre 1.511 euros e 1.711 euros".
A CGD "preparou-se para minimizar o impacto que esta greve poderá ter", assegurando que "a esmagadora maioria das suas agências estarão abertas e a funcionar" e que "os serviços telefónicos foram reforçados para que possam esclarecer os clientes de qualquer dúvida durante as horas da greve".
"Recordamos que tem havido, nos últimos anos, consenso com a maioria dos sindicatos", disse a CGD, destacando que acredita que "a proposta apresentada valoriza o rendimento disponível dos colaboradores e promove a melhoria das condições de vida de todos os seus trabalhadores e aposentados, e por isso considera que esta greve só tem lugar por se tratar do banco do Estado", rematou.
Os trabalhadores da CGD cumprem hoje um dia de greve contra aumentos salariais de 3,25% que os sindicatos consideram "irrisórios" face ao custo de vida e lucros que terão atingido os 1.000 milhões de euros.
A greve foi inicialmente convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC), depois de o banco público ter revisto a sua proposta de atualização salarial ligeiramente, de 3% para 3,25%, considerando então o STEC (que pedia 5,9% com um mínimo de 110 euros) que se tratam aumentos "irrisórios e absurdos".
À convocação de greve juntaram posteriormente os sindicatos Mais Sindicato, SBN, SBC, Sintaf e SNQTB.