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Força apoiada por dirigente detido vence eleições no Paquistão mas sem maioria

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Candidatos independentes apoiados pelo partido do ex-primeiro-ministro do Paquistão Imran Khan, que está preso, conquistaram hoje as eleições gerais, mas sem hipótese de alcançar uma maioria suficiente para governar.

De acordo com os resultados parciais divulgados pela Comissão Eleitoral do Paquistão (CEP) para 236 dos 265 lugares na Assembleia Nacional do Paquistão (Parlamento), a força independente apoiada pelo partido de Khan, o Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), garantiu 96 assentos.

Em segundo lugar surge a Liga Muçulmana do Paquistão, liderada pelo três vezes primeiro-ministro Nawaz Sharif, já com 66 assentos garantidos, seguido do Partido Popular do Paquistão (PPP), liderado por Bilawal Bhutto-Zarzadi, Bilawal Bhutto-Zardari, filho da antiga primeira-ministra assassinada Benazir Bhutto, com 51.

Embora nem todos os candidatos apoiem Khan, o grupo não tem votos suficientes (133) para constituir uma maioria que lhes permita governar.

Após a divulgação das previsões e dos primeiros resultados, que dão vantagem ao popular ex-primeiro-ministro Imran Khan, que está preso e não pôde participar na corrida eleitoral, Sharif disse aos jornalistas que ia enviar o irmão mais novo, o também antigo chefe de Governo Shehbaz Sharif, para se encontrar com os líderes de outros partidos para se juntarem à coligação.

Nawaz Sharif tinha rejeitado a ideia de uma coligação apenas um dia antes, dizendo que queria um único partido a governar o Paquistão.

Por sua vez, o PTI denunciou em diversas ocasiões as alterações nos resultados de alguns distritos eleitorais para garantir a vitória ao seu rival político mais direto, a Liga Muçulmana do Paquistão.

As alegadas tentativas de fraude eleitoral desencadearam focos de violência na província de Khyber Pakhtunkhwa, com pelo menos dois membros do partido mortos e outros nove feridos quando apoiantes do partido de Khan e da Liga se enfrentaram durante a contagem dos votos.

Os Estados Unidos, que mantêm relações tensas com Islamabade apesar de ser um parceiro, manifestaram hoje preocupações sobre a condução das eleições no Paquistão, ao mesmo tempo que afirmaram querer trabalhar com o próximo governo.

"Unimo-nos a observadores internacionais e locais credíveis que acreditam que estas eleições foram marcadas por restrições excessivas às liberdades de expressão, associação e reunião pacífica", sublinhou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em comunicado.

A diplomacia norte-americana condenou "a violência eleitoral, as restrições ao exercício dos direitos humanos e das liberdades fundamentais (...), e as restrições ao acesso à Internet e aos serviços de telecomunicações", acrescentando estar "preocupada com alegações de interferência ou fraude".

O resultado favorável ao PTI é um cenário inesperado para estas eleições, já que a antiga estrela do críquete foi excluída da corrida eleitoral, devido às condenações penais de que foi alvo. O candidato alega que as suas condenações e os mais de 150 processos judiciais ainda pendentes tiveram motivações políticas.

Até esta quinta-feira o cenário mais esperado para o Paquistão era uma vitória da Liga Muçulmana, em parte pela vantagem de Khan estar preso, mas sobretudo pelo apoio tácito do poderoso Exército do Paquistão, visto como o verdadeiro poder que controla o país.

Os candidatos do seu partido foram obrigados a concorrer como independentes nas eleições, depois de terem sido impedidos de utilizar o símbolo do partido - um taco de críquete - para ajudar os eleitores analfabetos a encontrá-los nos boletins de voto.

O Paquistão é constitucionalmente uma república parlamentar democrática, pelo que nestas eleições um partido precisa de obter uma maioria de 133 assentos para formar um governo.

A Assembleia Nacional do Paquistão tem, na realidade, 266 lugares, embora apenas 265 representantes tenham sido eleitos, depois do CEP ter decidido suspender a eleição de um círculo eleitoral.