Deixar futuro político da Madeira nas mãos do Representante lesa a Autonomia
Comentadores do ‘Debate da semana’ da TSF criticam postura dos partidos e de Ireneu Barreto
A evolução da crise política na Madeira foi o tema dominante no ‘Debate da semana’ de hoje.
No painel que voltou a juntar António Trindade, Miguel de Sousa e Ricardo Vieira, os comentadores deixaram críticas aos partidos e ao Representante da República na Região pela manifesta incapacidade dos primeiros em apresentar soluções que dispensassem Ireneu Barreto de ter que assumir protagonismo na decisão, traduzido na frase: "A responsabilidade é minha, mas é minha intenção ouvir o senhor Presidente da República".
Ireneu Barreto vai pedir reunião com o Presidente da República
Representante quer avaliar a situação política regional com Marcelo. Decisões só para a semana
Tânia Cova , 09 Fevereiro 2024 - 12:28
Ricardo Vieira considera estarmos "num jogo de sombras em que ninguém está a falar com sinceridade sobre o que quer e que não quer" nesta crise.
Lamenta que os partidos na Região não tenham tido capacidade para decidir, colocando tamanha responsabilidade no Representante da República que usou do "excesso de competência" que não tem ao remeter decisões para Belém. "Andou-se a pedir a extinção deste cargo mas hoje tudo depende dele. Hoje anda tudo lá em romaria, a pedir a bênção e a pedir o destino futuro. Não é aquilo que quem arquitectou a Autonomia alguma vez sonhou", referiu.
Para além de considerar que anda tudo numa cruzada negativa abrindo um precedente grave com consequências futuras, juga não ser salutar a indefinição, sobretudo num contexto em que é notório um sentimento depressivo na população que acha que não há solução. E se os partidos na Região não a encontram é a própria Autonomia que está em causa, adverte.
Sobre as demoras no PSD-M, julga que ou não há ninguém que queira a assumir o governo ou alguém que não quer sair. Miguel de Sousa discorda desta visão, pois entende haver gente capaz para dar conta do recado num novo governo, nomeadamente um secretário regional actual sem qualquer implicação no processo judicial
De resto, defende que "os renovadinhos têm que desaparecer", tal como os "velhos". "Isto tem que ser limpo e acabar", defendendo uma solução rápida pois julga que o arrastar de maus momentos agudiza o desastre e a vergonha que por sinal sentiu na apresentação da lista do PSD à Assembleia da República, como prova o facto de 4 discursos terem sido despachados em 21 minutos.
"Acho isto tudo triste e patético", criticando o Representante da República por ter demorado uma semana a ouvir partidos, sublinhando que quem tinha que ir ao Palácio de São Lourenço não era uma cúpula, mas a comissão política do partido".
Por seu lado, António Trindade sente pena que os partidos não tenham ouvido o 'Debate da semana' de há quinze dias e que agora se percam em manobras que não dignificam a ética política
"Há uma tentativa branquear tudo, quer por parte do PSD, do PAN e do Representante", refere, julgando que para bem do PSD é necessário haver eleições antecipadas o mais rápido possível.
Diagnostica um "problema de confiança na sociedade" e por isso julga que tem que haver uma base ética na solução, assente num novo veredicto, caso contrário tudo se deteriorará ainda mais.
O impasse na política regional continua, agora com o Representante a pedir reunião ao Presidente da República depois de ouvir os partidos. A actual maioria considera ter a robustez necessária para sustentar um novo governo, um novo programa e um novo orçamento. A oposição entende que é melhor dar oportunidade ao povo para se pronunciar, porque o contexto se alterou, porque a contaminação do alegado pacto corruptivo pode ser mais profunda do que parece, não se sabendo se os partidos ávidos de poder estão a salvo ou se não terão também culpas no cartório.