Centenas de personalidades portuguesas pedem reconhecimento do Estado da Palestina
Duas centenas de personalidades de várias áreas da sociedade apelam numa carta aberta aos partidos políticos, candidatos às eleições legislativas, que assumam o reconhecimento do Estado da Palestina como compromisso eleitoral para a próxima legislatura.
A carta aberta é subscrita por 200 personalidades, entre os quais os arquitetos Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto de Moura e Helena Roseta, a socióloga Ana Benavente, a ex eurodeputada Ana Gomes, o ex-secretário-geral da CGTP-IN Arménio Carlos, o historiador Fernando Rosas, a médica Isabel do Carmo, e o escritor Jacinto Lucas Pires.
Os signatários dizem estar "profundamente preocupados com a catastrófica situação que se desenrola na Palestina perante os olhos de todo o mundo".
O reconhecimento do Estado da Palestina é um "passo necessário para restaurar a coerência e a credibilidade da posição diplomática" de Portugal, escrevem.
"Num país onde se defende e apoia a solução de dois Estados, é totalmente incoerente que o Governo reconheça apenas o Estado de Israel e não o Estado da Palestina. O restabelecimento da coerência da nossa posição diplomática exige que a República Portuguesa reconheça igualmente o Estado da Palestina, imediata e incondicionalmente", sublinham.
Na opinião dos signatários, enquanto continuar sem reconhecer o Estado da Palestina, Portugal coloca-se "fora de um consenso internacional segundo o qual o Estado da Palestina é reconhecido por 139 dos 193 Estados membros das Nações Unidas."
"Uma vez que este reconhecimento é apoiado por resoluções das Nações Unidas, torna-se incompreensível, e seguramente injustificável, que Estados membros não o façam", sublinham.
Na carta, referem estar motivados pela "convicção de que Portugal pode e deve contribuir para os esforços globais de abertura dos novos caminhos necessários à paz e à prosperidade, e considerando que o apoio ao direito do povo palestiniano à autodeterminação, à independência nacional e à soberania é, mais do que nunca, um passo necessário no caminho rumo à paz neste momento crítico".
Segundo os signatários, o reconhecimento seria uma grande oportunidade para Portugal intensificar os seus compromissos e reiterar o empenho em ajudar palestinianos e israelitas a chegarem a uma solução de dois Estados a viver "lado a lado em paz e segurança, satisfazendo as legítimas aspirações nacionais de ambos os povos".
No entendimento dos signatários, o reconhecimento do Estado da Palestina é indispensável para um compromisso forte e credível em prol da paz.
"Esse reconhecimento não é apenas uma componente essencial do compromisso com uma solução justa e duradoura para o conflito israelo-palestiniano. (...) É também um pré-requisito para a concretização das ações práticas necessárias para pôr termo à ocupação ilegal e às incessantes escaladas do conflito", destacam.
A carta é ainda assinada por nomes como os escritores Afonso Reis Cabral e Lídia Jorge, o bispo Januário Torgal Ferreira, a atriz Maria do Céu Guerra, a jornalista Pilar Del Rio e o músico Sérgio Godinho.