Pequim ordena que novas mesquitas em Xinjiang incluam características chinesas
As novas mesquitas construídas em Xinjiang, região do extremo noroeste da China onde o Governo chinês é acusado de conduzir genocídio cultural, têm de adotar "características chinesas", de acordo com regulamentos emitidos recentemente pelas autoridades.
Segundo a nova regulação, os locais religiosos novos ou renovados, incluindo as mesquitas, devem "incorporar as características e o estilo chineses" em termos de arquitetura, esculturas, pinturas e decorações.
Nenhuma organização ou indivíduo pode forçar os residentes a "não acreditarem numa religião", acrescentaram as diretrizes.
As novas regras em Xinjiang estão em conformidade com a política da liderança chinesa de "achinesar" a religião e reforçar o controlo do Estado numa região que foi outrora palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre a minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional.
As novas regras entraram esta semana em vigor, na sequência de um aviso publicado pelas autoridades de Xinjiang no mês passado.
A construção de novos locais religiosos requer a aprovação do governo local. Os grupos religiosos e os crentes devem "praticar os valores socialistas fundamentais" e "aderir ao objetivo de achinesar a religião", afirmou o texto.
Os uigures são uma minoria étnica turca predominantemente muçulmana. Em 2020, havia 11,77 milhões de uigures na China, de acordo com o Gabinete Nacional de Estatística do país asiático. Eles residem principalmente em Xinjiang.
Em janeiro de 2021, o Partido Comunista publicou regulamentos sobre o "trabalho da frente unida", apelando a que as doutrinas e os preceitos religiosos estejam em conformidade com o desenvolvimento e o progresso da China moderna.
Organizações de defesa dos Direitos Humanos e governos estrangeiros acusaram Pequim de converter o extremo noroeste do país num Estado policial, com milhares de uigures a serem arbitrariamente detidos em campos de doutrinação política.
Num relatório, que inclui o depoimento de pessoas que foram internadas, a Amnistia Internacional acusou Pequim de desenvolver "uma campanha governamental de internamento em massa, vigilância intrusiva, doutrinação política e assimilação cultural forçada".