Supermercados com compras inferiores às expectativas na Venezuela
Os supermercados venezuelanos, setor do comércio com forte investimento de portugueses, estão a registar vendas inferiores às expectativas, apesar de a população comprar com maior frequência, alertou na terça-feira a Associação Nacional de Supermercados e Afins (Ansa).
De acordo com o presidente da Ansa, Ítalo Atencio, "janeiro não cumpriu as expectativas", mesmo tendo em conta que historicamente as vendas são inferiores às de dezembro.
"É uma mistura de três variáveis. A primeira [a queda do] poder de compra, do rendimento disponível dos venezuelanos. Por outro lado, o ambiente, a incerteza do que vai acontecer no país do ponto de vista político. O terceiro elemento é o movimento, a transformação e a inovação que acontece quando há um ambiente de confiança", disse aos jornalistas.
Segundo o responsável "as notícias das últimas semanas" sobre a situação política do país "afetaram essa confiança e isso tem levado as pessoas a olharem com alguma cautela" para o que acontece.
O presidente da Ansa explicou ainda que, devido aos recursos disponíveis serem menores, os consumidores estão a fazer compras com maior consciência dos custos e a ser mais seletivos.
"Compram onde conseguem melhor preço e vão mais vezes ao supermercado. As últimas sondagens que fizemos dão conta de que em vez do mercado da quinzena ou mensal, os venezuelanos estão a ir duas vezes por semana ao supermercado. São mais exigentes com o que compram e acompanham as promoções", disse.
Ítalo Atencio precisou que, na Venezuela, os salários são pagos quinzenalmente e explicou que algumas empresas estão agora a fazer pagamentos semanais. Por isso, as pessoas aproveitam para passar pelos supermercados para fazerem compras.
Por outro lado, explicou Atencio, na segunda-feira, a Ansa reuniu-se com o presidente do parlamento, Jorge Rodríguez, a quem propôs que as eleições presidenciais tivessem lugar "no segundo semestre deste ano".
Também sugeriu que o processo eleitoral tenha em conta o Acordo de Barbados, assinado em outubro de 2023 entre o Governo do Presidente, Nicolás Maduro, e a oposição, e com "a maior quantidade de garantias eleitorais possíveis para que se realize de boa maneira e em paz".
"Aproveitámos para propor a inclusão, na agenda legislativa de 2024, de propostas de leis que permitam impulsionar a economia (...) entre elas a lei de custos e preços justos, que deve ser adaptada aos novos tempos" referiu.
Notou que, por outro lado, a carga fiscal é um tema a ser revisto, devendo haver "incentivos para as empresas que geram empregos, quer sejam de investidores locais, quer de estrangeiros".
Segundo Ítalo Atencio, foi ainda proposto ao parlamento a simplificação de alguns procedimentos para poder fazer investimentos e abrir empresas no país, de forma a dinamizar a economia local.