Kiev pede a Portugal mais apoio curricular e integração escolar de refugiados
O Governo da Ucrânia pediu hoje a Portugal o aprofundamento do apoio curricular no pré-escolar e no secundário e também o reforço da integração escolar dos refugiados ucranianos, disse hoje em Kiev o ministro da Educação.
Em declarações aos jornalistas após um encontro com o ministro da Educação ucraniano, Oksen Lisovy, João Costa traçou um balanço positivo da sua visita de dois dias à Ucrânia, juntamente com o chefe da diplomacia portuguesa, João Gomes Cravinho, "na perspetiva da continuação da cooperação" no setor da Educação.
Os dois governantes portugueses participaram na segunda-feira no Fórum de Reconstrução de Jitomir, região situada a cerca de 150 quilómetros a oeste de Kiev, e visitaram uma escola de referência, Liceu 25, que será reconstruída por Portugal após ter sido destruída por um bombardeamento russo em março de 2022.
O ministro da Educação disse hoje que, no seguimento do projeto de reconstrução em Jitomir, associado ao "embrião de uma reforma do projeto educativo", o homólogo ucraniano pediu hoje o aprofundamento de cooperação na área curricular, tendo como referência o trabalho de Portugal no pré-escolar e no ensino secundário.
O governante ucraniano pediu também o reforço de integração dos estudantes ucranianos nas escolas portuguesas, após a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
Segundo João Costa, do registo de entrada em Portugal de 13 mil crianças e jovens, só cinco mil estão inscritos no sistema educativo, pelo que permanece "um número grande" de estudantes que apenas estão a receber ensino à distância das escolas ucranianas, cujas famílias tinham a perspetiva de um regresso mais rápido ao seu país.
"Era uma situação que se perspetivava que fosse temporária, mas infelizmente está a ser mais duradoura e, por isso, neste momento, o Governo ucraniano tem também esta preocupação", referiu o governante, tendo sido solicitada ajuda no sentido de se trabalhar com as famílias em Portugal e "aumentar e estimular a inscrição destes alunos nas escolas ainda neste ano letivo".
O ministro ucraniano, de acordo com João Costa, expressou igualmente a preocupação de que, no acolhimento daqueles alunos, seja prestada atenção à aprendizagem da História, da Geografia e da Literatura da Ucrânia, através de regimes híbridos, em que possam assistir a aulas 'online' sobre estas disciplinas, ao mesmo tempo que estão a seguir o currículo português.
Outro aspeto abordado pelos dois governantes está relacionado com a certificação das aprendizagens feitas em Portugal e na Ucrânia, "para não haver problemas com equivalências e reconhecimentos de graus" e ainda o projeto de tradução de materiais educativos para ucraniano.
"Temos vindo a construir e projetar a tradução dos materiais digitais que temos para ucraniano, para poderem ser utilizados aqui pelos muitos alunos que, infelizmente, ainda têm que ter aulas à distância, sobretudo nos territórios ocupados [pela Rússia]", esclareceu.
João Costa referiu que os esforços de Portugal na reconstrução estão de momento concentrados no Liceu 25, em Jitomir, cujo memorando de entendimento foi celebrado nesta cidade na segunda-feira, com a meta "de que seja emblemática para acompanhar a transformação curricular que a Ucrânia está a desenvolver", admitindo, porém, novos projetos mais à frente.
O ministro da Educação manteve-se renitente em avançar uma data para a reabertura do Liceu 25, notando que "há uma grande vontade, sobretudo dos pais e das crianças para que a escola esteja construída o mais rapidamente possível", mas também há muitos imponderáveis.
"Há um grande desejo que até ao final de 2025 já possa haver pelo menos uma parte da escola em funcionamento, mas obviamente qualquer compromisso que possamos aqui assumir depende de várias dimensões, até do próprio processo de contratação pública, que é complexo e da adjudicação da obra", referiu.