Um ano após sismo ONU e ONG alertam para falta de fundos
A ONU e diversas ONG apelaram hoje a um aumento da ajuda concedida à Síria, um ano após o sismo que abalou um país já confrontado com uma guerra civil desde 2011.
"Sem contar com os milhares de milhões de dólares de prejuízos, o balanço humano desta catástrofe é incalculável. Numerosas pessoas permanecem deslocadas até hoje, aguardando por soluções e por um abrigo", declararam dois altos responsáveis da ONU em comunicado conjunto.
A Síria permanece sob o choque de uma crise económica, mas "os sismos exacerbaram a situação", declararam o coordenador residente na Síria, Adam Adbelmoula, e o coordenador humanitário regional para a crise síria, Muhannad Hadi.
Em 06 de fevereiro de 2023, um poderoso sismo de magnitude 7,8 e a sua réplica provocaram a morte de cerca de 60.000 pessoas na Turquia e na Síria.
De acordo com Damasco, o sismo matou mais de 1.400 pessoas nas zonas controladas pelo Governo sírio, enquanto mais de 4.500 pessoas pereceram nas regiões mantidas pelas fações da oposição no noroeste do país.
"Hoje, 16,7 milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária. Este número chocante coincide com sombrias perspetivas de financiamento e quando os conflitos se agravam através do mundo", declararam os responsáveis da ONU.
"Esta tendência deve ser revertida com a maior urgência", declararam.
"O nosso Plano de Resposta Humanitária 2023 dispõe de recursos que não ultrapassam os 36% até ao final do ano", afirmaram.
Segundo a ONU, mais de 265.000 pessoas perderam a sua casa no noroeste da Síria durante o sismo, e cerca de 43.000 ainda não regressaram às suas regiões.
Antes do abalo sísmico, o sistema de saúde no noroeste sírio já registava dificuldades, acrescentou em comunicado a Organização não-governamental (ONG) Médicos sem fronteiras (MSF).
Por sua vez, a ONG International Rescue Committee (IRC) alertou para as "necessidades humanitárias catastróficas" do país e advertiu que a Síria arrisca "tornar-se numa crise esquecida".
Em 2023, o programa de ajuda para a Síria do IRC registou um "défice de financiamento de 62%, e a situação deverá agravar-se" em 2024, acrescentou a ONG.
"Exortamos a comunidade internacional a não esquecer a Síria", exortou Tanya Evans, diretora para a Síria da ONG.
A guerra civil na Síria, desencadeada em 2011, já provocou mais de 500.000 mortos e devastou as infraestruturas do país.