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Protesto continua em Valença com trânsito cortado e duas marchas lentas

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Foto HUGO DELGADO/LUSA

O Movimento Agricultores do Norte, que hoje bloqueou Valença, retomou a marcha lenta na A3 e EN13, preparando-se para passar a noite em protesto, à espera que "algum decisor político" os contacte, disse à Lusa a organização.

"Estamos a aguardar que algum decisor político nos contacte. Estão já a fazer brasas [na rotunda de São Pedro da Torre], a acomodar-se para ficar durante a noite. Amanhã é dia de feira em Valença", disse à Lusa Fábio Viana, do Movimento dos Agricultores do Norte, que hoje se mobilizou pela primeira vez desde o início dos protestos do setor para mostrar que as reivindicações e problemas do Norte são "diferentes" e "agravados" em relação ao resto do país.

Para além do bloqueio feito desde manhã à circulação rodoviária na rotunda de São Pedro da Torre, com vários tratores e outras viaturas pesadas, pelas 17:30, os agricultores iniciaram, no sentido Norte-Sul, uma marcha lenta, tanto na Estrada Nacional 13 como na A3, disse Fábio Viana.

A ideia é dirigirem-se à rotunda de São Pedro da Torre, que continua "completamente cortada ao trânsito nos dois sentidos" da EN 13, de acordo com a GNR de Viana do Castelo.

Pelas 18:00, o responsável indicou à Lusa que a marcha lenta dos agricultores deveria levar mais uma hora para chegar à rotunda de São Pedro da Torre.

O protesto, que envolve cerca de 100 viaturas, entre viaturas ligeiras e 30 tratores, começou hoje pelas 06:30, com os veículos a deslocarem-se entre Cerdal e São Pedro da Torre, descreveu à Lusa a GNR.

No local, durante a manhã, o movimento avisou que pretende manter os bloqueios em Valença até serem ouvidas reivindicações com "mais de 20 anos", específicas da região Norte, alertando para o risco de encerramento de 70% a 80% de explorações.

"Não vamos sair daqui até sermos ouvidos. Viemos como se vai para a guerra: viemos, mas não sabemos quando saímos. E vamo-nos fazer ouvir. Querem-nos sufocar, mas o nosso último grito vai ser muito alto", afirmou à Lusa Fábio Viana.

O porta-voz alertou que "o Norte não é na África Central, embora esteja um bocadinho distante", vincando que o Governo tem conhecimento dos problemas dos agricultores da região mas apresentou ainda qualquer resposta.

"Sofremos os problemas que sofrem a nível nacional, mas são agravados", vincou.

Os acessos à cidade de Valença estiveram também esta manhã condicionados, com a rotunda da EN 13 em São Pedro da Torre e a rotunda de São Teotónio, no centro da cidade de Valença, cortadas pelo Movimento dos Agricultores do Norte.

Também a circulação na A3 esteve, durante a manhã, condicionada entre as portagens de Valença e a ponte internacional Valença-Tui.

O Governo avançou com um pacote de ajuda de mais de 400 milhões de euros destinados a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), garantindo que a maior parte das medidas entra em vigor este mês, com exceção das que estão dependentes de 'luz verde' de Bruxelas.

A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros a 26 de fevereiro.