França transmite ao Líbano aviso de eventual ataque de Telavive no sul do país
O chefe da diplomacia francesa, Stéphane Séjourné, avisou hoje Beirute de que Israel poderá lançar uma guerra contra o Líbano, revelou o ministro dos Negócios Estrangeiros libanês, afirmando ainda que o país quer evitar uma escalada.
O ministro francês reuniu-se com os principais dirigentes libaneses em Beirute, última etapa de uma viagem pelo Médio Oriente que o levou também a Israel.
"Avisou-nos que os israelitas podem desencadear uma guerra (...) para trazer para casa as dezenas de milhares de pessoas retiradas das zonas próximas da fronteira com o Líbano", declarou Abdallah Bou Habib.
"Dissemos-lhe que não queríamos uma guerra", acrescentou o ministro libanês no final de uma reunião com o homólogo francês.
E acrescentou: "Queremos um acordo sobre a fronteira com a ONU, os franceses e os norte-americanos".
Desde o ataque do Hamas a Israel, a 07 de outubro, que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza, o movimento xiita libanês Hezbollah tem bombardeado diariamente posições do exército israelita na fronteira, em apoio ao movimento islamita palestiniano.
Israel retalia bombardeando alvos no sul do Líbano.
Em quase quatro meses, 226 pessoas, na sua maioria combatentes do Hezbollah, foram mortas no sul do Líbano, de acordo com uma contagem oficiosa da agência noticiosa France-Presse (AFP). Do lado israelita, 15 pessoas foram mortas, segundo o exército.
Dezenas de milhares de pessoas de ambos os lados da fronteira tiveram de abandonar as respetivas casas.
Na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, disse ao homólogo francês que "o tempo está a esgotar-se para que se encontre uma solução diplomática" no sul do Líbano.
"Israel tomará medidas militares para trazer de volta os cidadãos retirados das suas casas" no norte do país, se não for possível outra solução, acrescentou o ministro israelita.
Vários países ocidentais estão a tentar encontrar uma solução operacional para pôr termo à violência na fronteira, nomeadamente através da resolução do conflito fronteiriço entre Israel e o Hezbollah, que controla o sul do Líbano e grande parte da vida política do país.
Bou Habib assegurou que o Líbano deseja "a plena aplicação da resolução" 1701 da ONU, que pôs fim à última guerra entre Israel e o Hezbollah, em 2006.
A resolução estipula que apenas o exército libanês e as forças de manutenção da paz da ONU devem ser destacados para o sul do país.
Israel exige que o Hezbollah pró-iraniano, que tem uma forte presença no sul do Líbano, mas sem posições fixas, se afaste da fronteira comum.