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Emir do Qatar insta Blinken a "esforços concertados" para obter trégua em Gaza

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O emir do Qatar, Tamim bin Hamad al-Thani, instou hoje o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, a realizar "esforços concertados" para obter um cessar-fogo, proteger os civis e levar ajuda humanitária à população da Faixa de Gaza.

Durante a reunião, o emir insistiu na "necessidade de realizar esforços regionais e internacionais concertados para alcançar um cessar-fogo imediato, proteger os civis e continuar a entrega de ajuda humanitária de forma adequada e sustentável e duradoura em todas as zonas da Faixa de Gaza", segundo um comunicado do seu gabinete.

Blinken chegou hoje ao Qatar procedente do Egito, onde se reuniu com o Presidente, Abdelfatah al-Sisi, no âmbito da sua quinta digressão pelo Médio Oriente desde a eclosão da guerra em Gaza, a 07 de outubro.

A viagem decorre, além disso, num contexto de crescente tensão devido aos contínuos ataques dos rebeldes iemenitas Huthis a navios no mar Vermelho, bem como aos recentes bombardeamentos de retaliação dos Estados Unidos contra grupos pró-iranianos na Síria, no Iraque e no Iémen.

Realiza-se também depois de, na semana passada, representantes de Israel, dos Estados Unidos, do Egito e do Qatar terem alcançado em Paris uma proposta de acordo para uma nova trégua entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, desde 2007 no poder na Faixa de Gaza, que inclui uma troca de reféns por prisioneiros palestinianos.

Esse projeto de acordo foi de imediato transmitido à liderança do Hamas, que está ainda a analisá-lo e insiste até agora num "cessar total dos combates" em Gaza em troca da libertação dos reféns.

Sobre esta questão, Blinken comunicou ao emir o agradecimento dos Estados Unidos pelos "contínuos esforços do Estado do Qatar destinados a retomar a troca de detidos e prisioneiros em Gaza", segundo o gabinete do governante qatari.

Após a sua visita ao Qatar, outro dos mediadores-chave do conflito, Blinken concluirá o seu périplo em Israel e na Cisjordânia, de acordo com o Departamento de Estado norte-americano.

A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, 132 dos quais permanecem em cativeiro, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 123.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 27.500 mortos, 67.000 feridos e 8.000 desaparecidos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais, e quase dois milhões de deslocados (mais de 85% dos habitantes), mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de fome que já está a fazer vítimas, segundo a ONU.

Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios ocupados pelo Estado judaico, mais de 380 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos, além de se terem registado mais de 3.000 feridos e 5.600 detenções.