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Madeira

O ‘supermercado de livros’ que nasceu na Rua dos Ferreiros

Recorde connosco, neste ‘Canal Memória’, a edição de 6 de Fevereiro de 1995

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Mais de 40 mil títulos para quem, por sua iniciativa, queria descobrir o próximo livro a ler. Era esta a promessa de Jorge Figueira de Sousa que, em 1995, prometia abrir um verdadeiro ‘supermercado’ de livros na Rua dos Ferreiros. A Livraria Esperança, uma das mais antigas do Funchal, ganhava nova vida

Este projecto era até considerado uma “megalomania”, dada a quantidade de livros que a livraria iria expor. O cliente só tinha de percorrer o ‘labirinto’, escolher o livro que queria, pegar no mesmo, pagar na caixa, passar pelo alarme e sair.

Em 1995, a Livraria Esperança era considerada a maior do país, uma vez que dispunha de 55 mil títulos, contra os 15 mil da Bertrand. “Que eu saiba, não há nenhuma com 40 mil capas expostas. Não estou a ver nenhum 'louco' que quisesse 'desperdiçar' um espaço destes para pôr livros", dizia o empresário com as obras já a decorrer e a inauguração para uma questão de meses.

Apesar deste seu projecto, Jorge Ferreira de Sousa admitia que os leitores assíduos eram cada vez menos. Na altura de início do ano escolar dava-se a habitual corrida à procura de manuais, mas, depois, a ‘febre’ passava e diminuía consideravelmente a procura pela livraria.

Na Madeira, a procura por livro era diferente daquela que se vivia no continente. Muitos leitores indicavam que os livros chegavam bem depois à Região, mas a Livraria Esperança contrariava essas indicações. Além disso, Jorge Ferreira de Sousa assumia que os hábitos de consumo eram diferentes. Aquando da morte de Miguel Torga, ao contrário do espectável, não se assistiu a uma grande procura pela sua obra.

Por volta de 1900, houve na Madeira falta de luvas. Ele resolveu mandar vir um luveiro que fazia luvas por medida. Daí que, na fachada da livraria, aparecesse o nome de 'Luvaria Elegante', ao lado da palavra Esperança.

Outra das estórias contadas pelo empresário estava relacionada com o roubo de livros, que se revelava uma autêntica psicose. Para evitar que tal acontecesse, teve de ser criado um novo sistema de fichas duplas para evitar que os livros fossem levados, sem que se conseguisse provar que efectivamente pertenciam à livraria.