Arquitectura e poder
É a arquitectura – com A grande – que alimenta a memória que temos do passado
Arquitectura e poder estão relacionados desde esse passado longínquo em que a humanidade construiu, nas primeiras cidades, os seus palácios, templos e monumentos funerários. Do tempo dos faraós aos nossos dias, é consabida a devoção que todos os autocratas devotaram à obra de ostentação e aparato. Os ditadores europeus do século XX são herdeiros dessa megalómana tradição: Mussolini quis ver gravado na fachada do imponente Palazzo della Civiltà Italiana o excerto de um discurso seu; para servir de palco às grandes encenações de Hitler, Speer projectou em Nuremberga a Zeppelinhaupttribüne; e Estaline fez do metro de Moscovo obra de homenagem à sua pessoa. As democracias não constituíram excepção e, para prová-lo, basta pensar na Brasília de Juscelino Kubitschek e nas grandes obras que Mitterrand promoveu na Paris de finais do século XX.