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“Para trás só anda o burro”

Vivemos uma época muito rica para quem gosta de fazer prognósticos sobre o que vai acontecer a este País e a esta Região, depois de 24 de março. Este mês já era importante por ser aquele em que mais se fala nas Mulheres. Agora é ainda mais, porque vamos decidir o destino do País e da Região.

Estamos numa crise de lideranças, a nível Nacional e Regional, depois de governos com maiorias parlamentares que lhes permitiam aprovar as suas propostas. Desta vez, não podem acusar nenhum partido de ser força de bloqueio. Este foi criado pelas maiorias que se desentenderam, depois dos escândalos públicos denunciados pelo poder judicial.

Aproveitando o vazio criado, tornaram a se candidatar, a nível nacional, 17 partidos e coligações, a maioria sem representação parlamentar, e está a valer tudo. Tenho ouvido e visto os tempos de antena e fico com a cabeça a andar à roda com tanta asneira que é dita, sobretudo por aqueles que vêm descaradamente defender o fascismo. Não entendo como é que essa gente pôde formar um partido tendo na sua base a ideologia fascista proibida na Constituição da República Portuguesa.

Querem voltar atrás na história, mas como diz, e muito bem, o ditado popular “para trás só anda o burro”. Esta gente sabe lá o que era viver na Madeira fascista, onde a maioria da população era pobríssima. Muita gente vivia em casas pequenas com famílias numerosas, em furnas e barracas. Sem saneamento básico. Sem luz elétrica. Sem água canalizada. As mulheres não tinham direitos. Muitos homens não tinham rendimentos regulares que lhes permitissem sustentar as famílias, embora trabalhassem de sol a sol. As crianças trabalhavam desde tenra idade e muitas nem à escola iam. O analfabetismo nos adultos era enorme. Os rapazes iam para a guerra colonial se não conseguissem fugir para outro país. Muitos morriam e outros ficaram doentes ou mutilados para toda a vida.

Este panorama só começa a melhorar depois da Liberdade, conquistada com a preciosa ajuda dos Capitães de Abril, que lideraram a revolta unindo as pessoas com a palavra de ordem “O Povo unido jamais será vencido”. Foi a partir do 25 de Abril de 1974 que Portugal, mesmo com a oposição feroz dos que nunca aceitaram a liberdade, começou a se organizar democraticamente e que o Povo, Homens e Mulheres, começaram a votar e a trabalhar pelo desenvolvimento do País. Foi assim que, na Constituição de 1976, ficou consagrado o direito às Autonomias Regionais, e passámos a ter um Parlamento e um Governo próprios.

Passados 50 anos, o balanço é altamente positivo, isso ninguém pode negar. Elegemos governos e houve muita gente que lutou afincadamente por direitos, por condições de vida dignificantes, por uma Madeira mais justa e mais fraterna com mais solidariedade e mais participação, sobretudo para as Mulheres assim como as crianças, que passaram a frequentar a escola até ao 12º ano e foi proibido o trabalho infantil.

Ainda existem muitas coisas por resolver, até porque a sociedade cresceu e novos problemas têm que ser resolvidos. A Saúde tem que ser mais célere. A resposta à Habitação também. Os salários têm que aumentar em toda a tabela salarial. Os impostos sobre a classe média têm que baixar para ela continuar a existir, senão daqui a dias só existem ricos e pobres como antigamente.

O meu apelo para o dia 10 de março é para que não se deixem ir atrás de conversas fáceis e balofas, e usem a inteligência para eleger as melhores pessoas para defender os seus interesses. O meu voto toda a gente conhece, porque me revejo nas propostas sérias e frontais que o BE e porque uma maioria de esquerda só se consegue com o Bloco mais forte.