Para além da justiça
Não pretendo vender a ninguém a lógica de que a minha ética é melhor que a dos outros
E pronto, está decidido! Vira o disco e toca o mesmo que afinal aquilo que parecia ser não é e, consequentemente, consegue-se pelo menos por agora voltar a ir a votos, que o que interessa não é a prática; é o juízo que o juiz (um juiz) faz dessa prática!
Já o disse antes e repito, até para bem dos visados que em muitos casos aparentam sê-lo de forma injusta e injustificada e que, também por isso, quererão ter este assunto completamente esclarecido: - podem não existir provas mas afirmar, a destempo, que não existem indícios só pode ser a gozar.
Indícios existem há décadas! Todos nós ouvimos histórias que envolvem pessoas que exerceram funções governativas e outras que apontam para os que terão crescido alimentados por um relacionamento próximo com o orçamento regional.
Se são verdadeiras as ditas histórias ou completamente falsas, não faço ideia. Sei, no entanto, que debaixo daquela perspectiva de que como todos nos conhecemos e relacionamos, é legítimo tentar influenciar o decisor político e que essa lógica se instalou na sociedade, disso não tenho dúvidas! E também de que, podendo, devemos sempre beneficiar as empresas locais, mesmo se os concursos forem internacionais…
Existe promiscuidade, em pequenas e em grandes coisas, aceitando-se por bom um comportamento que em nada engrandece nem quem tenta condicionar, nem quem se deixa ser condicionado.
Dito isto, são estas pessoas culpadas ou inocentes? Felizmente, não me cabe a mim nem julgar, nem decidir e, com toda a sinceridade, gostava mesmo muito que se pudesse fazer prova da inocência de todos; como cidadão, ficaria extremamente contente se assim fosse!
Mantenho, por isto, que o pior de tudo é deixar a um juiz a decisão política sobre comportamentos que devem ser analisados do ponto de vista ético e não judicial. Conforme a sentença, logo se vê se vou, se fico. Perder dois segundos a pensar introspectivamente, com sentido crítico, sobre o que andamos a fazer; isso cá não interessa nada.
Contou-me em tempos um político, a propósito de uma eleição interna com vários candidatos, que um certo empresário se tinha predisposto a pagar a inscrição no partido de umas centenas de pessoas para votar numa certa pessoa.
Há aqui algum ilícito, do ponto de vista criminal? Não sendo jurista, arriscaria num não mas, caramba, eticamente falando isto é de bradar aos céus! Essa questão, no entanto, não se colocou nunca; o problema foi ter percebido que a mesma promessa tinha sido feita a vários…
Não pretendo vender a ninguém a lógica de que a minha ética é melhor que a dos outros; nem sequer tenho caracteres em número suficiente para isso! Mas se conseguir pôr alguém a reflectir sobre a questão, já ficaria muito contente…