G20 discute no Brasil transição verde e tributação dos ricos
Os ministros das Finanças do G20 reúnem-se na quarta e quinta-feira na cidade brasileira de São Paulo com o financiamento da transição ecológica, a tributação das grandes fortunas e a luta contra a desigualdade no centro dos debates.
O Brasil, que detém a presidência do fórum que reúne as maiores economias do mundo, é o anfitrião desta primeira reunião ministerial no domínio das finanças, que se realiza uma semana após a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros realizada no Rio de Janeiro.
Desta vez, o local escolhido é São Paulo, o centro financeiro da economia mais poderosa da América Latina, onde já chegaram cerca de 450 delegados em representação dos membros do G20 e dos nove países e 17 organizações internacionais convidadas.
Portugal é um dos países convidados e, depois da presença no Rio de Janeiro do ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, agora é a vez do ministro das Finanças, Fernando Medina.
Portugal estará presente em mais de 100 reuniões dos grupos de trabalho, em nível técnico e ministerial, em cinco regiões brasileiras, culminando a presidência brasileira com a Cimeira de chefes de Estado e de Governo, que será realizada no Rio de Janeiro, em 18 e 19 de novembro.
Angola foi também convidada pela presidência brasileira e marcará presença em São Paulo com uma delegação chefiada pela ministra das Finanças angolana, Vera Daves de Sousa.
A reunião, que conta também com a presença dos governadores dos Bancos Centrais (sem a presença de Mário Centeno) decorre num contexto global volátil, marcado por novas tensões geopolíticas e em pleno debate sobre o ritmo da flexibilização monetária, na sequência da escalada inflacionista pós-pandemia.
A nível macroeconómico, de acordo com as previsões do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o otimismo é contido, prevendo-se que o crescimento mundial se situe entre 2,4% e 3,1% este ano, uma tendência positiva que deverá manter-se em 2025.
No entanto, as economias emergentes, algumas das quais fazem parte do G20, como o Brasil, o México, a Índia, a Indonésia e a África do Sul, estão a sentir mais os efeitos do crescimento da dívida pública e das taxas de juro.
Durante a reunião, o anfitrião brasileiro levará para cima mesa um imposto sobe os "super-ricos", explicou o ministro das Finanças brasileiro, Fernando Haddad, em entrevista ao jornal O GLOBO.
"A agenda de tributação da riqueza e da progressividade sobre a renda são essenciais para enfrentar os entraves económicos da desigualdade e promover o crescimento económico sustentável", disse.
O ministro das Finanças do Brasil, Fernando Haddad, que deverá participar à distância depois de ter testado positivo para a covid-19, anunciou que vai propor a criação de um imposto unificado sobre as grandes fortunas, semelhante ao que foi aprovado no ano passado no seu país.
A ONG Oxfam apoiou a iniciativa e, num relatório divulgado na segunda-feira, afirmou que um imposto de até 5% sobre a riqueza e os lucros dos mais ricos dos países do G20 seria suficiente para acabar com a fome no mundo.
Hoje, a coordenadora dos grupos financeiros do G20 e secretária para os assuntos internacionais do Ministério das Finanças do Brasil, Tatiana Rosito, afirmou que estão a trabalhar num comunicado conjunto que reflete as prioridades da presidência brasileira.
As prioridades da presidência brasileira para o seu mandato à frente do G20 são o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global, nomeadamente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, algo que tem vindo a ser defendido por Lula da Silva desde que tomou posse como Presidente do Brasil, denunciando o défice de representatividade e legitimidade das principais organizações internacionais.